Ninguém pode negar o talento eleitoral da governadora Fátima Bezerra (PT). No pleito de 2022, ela o exibiu.
Ela sabia que poderia ter um caminho mais difícil para a sua reeleição caso enfrentasse o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (então no PDT, hoje no PSD). Ela leu bem o cenário e viu que parte do mundo político poderia apoiar seu adversário, e ela teria uma situação muito mais complicada.
Carlos Eduardo, então, acabou fazendo uma aliança com a governadora, saindo candidato a senador na mesma chapa. Resultado: Fátima venceu a eleição porque ficou sem opositor.
Com todo respeito ao ex-deputado estadual e ex-vice-governador Fábio Dantas (Solidariedade), a eleição de Fátima foi um W.O. A governadora tinha estrutura política, e Fábio Dantas, não. Foi um massacre na questão dos apoios. A governadora tinha, e Fábio Dantas, não.
Ela comemorou muito a sua reeleição em 1º turno. E tudo ficou melhor quando Lula (PT) voltou a ser eleito presidente da República. Aí ela sentiu que tudo estava resolvido.
Dez meses depois de empossada para um segundo mandato, Fátima enfrenta sérias dificuldades. Ela tem assinado convênios e trazido muitos ministros. Tem gerado muitas notícias e muitas imagens no seu Instagram. Mas, de prático, não tem acontecido nada significativo no Rio Grande do Norte até agora.
A verdade é que não tem faltado dinheiro no cofre do Governo do Estado, é só acompanhar os aumentos na arrecadação própria, incluindo aí o ICMS. E agora vai chegar o repasse da compensação aos estados pela perda de arrecadação de 2022 provocada pela diminuição do ICMS sobre combustíveis, telecomunicações e energia elétrica.
Não há avanço na segurança pública. Veio ao RN o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que prometeu muitos veículos, mas, até agora, a imagem que está ficando do Rio Grande do Norte é a que saiu no blog do jornalista Gustavo Negreiros nos últimos dias: que é a de um policial empurrando uma viatura quebrada no interior do Estado. Pode até ser um fato normal, uma falha no automóvel. Mas pode ser também dificuldade financeira para manutenção, o que significa falta de prioridade do governo com a segurança da população.
Na saúde, não se sente absolutamente nenhum avanço importante, tirando o Hospital da Mulher, em Mossoró.
Na economia e fomento econômico, por sua vez, o desastre é ainda maior e o RN não deslancha. Nesse caso, o que a governadora fez para impulsionar a economia foi mandar para a Assembleia Legislativa projeto de lei que mantém o aumento do ICMS para 20% por tempo indeterminado, quebrando, inclusive, a promessa de campanha e a lei aprovada no ano passado.
Portanto, não há motivos para registros positivos nas ações do Governo Fátima II. E isso tem tido reflexo nas pesquisas, onde a desaprovação da governadora já chega a 60% em alguns institutos.
Talento ou sorte eleitoral não significa êxito no governo.
*Alexandre Macedo é consultor político.