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Investigação

Sobe para 13 o número de pessoas com suspeita de intoxicação por peixe em Natal

Casos ocorreram após consumo de arabaiana em restaurante entre os dias 5 e 6 de maio
Redação
12/05/2025 | 13:31

Subiu para 13 o número de pessoas com suspeita de intoxicação alimentar após consumirem peixe em um restaurante de Natal, entre os dias 5 e 6 de maio. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou que os casos estão sendo investigados como possíveis ocorrências de ciguatera.

Três pessoas precisaram de atendimento hospitalar e duas ficaram internadas, mas já receberam alta. O surto aconteceu durante um evento com médicos, e, das 35 pessoas contactadas pela equipe de vigilância em saúde, 13 apresentaram sintomas.

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Sobe para 13 o número de pessoas com suspeita de intoxicação por peixe em Natal - Foto: Reprodução

De acordo com José Antônio de Moura, diretor do Departamento de Vigilância em Saúde (DVS) de Natal, os sintomas neurológicos foram determinantes para a suspeita de ciguatera. “Tem que a questão do período de incubação, entre a alimentação e o início dos sintomas, que foi em média 4 horas. Mas o que caracterizou, que nos deu praticamente certeza, é o tipo de pescado e também os sintomas neurológicos que elas tiveram: dormência nos membros superiores, inferiores, e na boca. E a inversão de calor, em que você tem essa sensação de tocar uma coisa fria e sentir como o como se fosse quente”, relatou.

O peixe servido era da espécie arabaiana. Amostras foram recolhidas no restaurante no dia 7 de maio e enviadas ao Laboratório Central do Rio Grande do Norte (Lacen), que, por sua vez, repassou o material para análise em outro laboratório no sul do país. A SMS informou que o resultado pode levar mais de 30 dias.

Leia também: Médicas são internadas na UTI com suposta intoxicação por peixe Dourado em restaurante de Natal

A possível intoxicação ocorreu menos de um mês após a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte publicar uma nota técnica, em 16 de abril, alertando profissionais da saúde sobre intoxicações por pescados. Entre os tipos listados estava a ciguatera.

Segundo a nota, a ciguatera é comum em áreas como o Mar do Caribe, Oceano Pacífico e Oceano Índico, e pode ocorrer em regiões próximas, como a Ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco. As toxinas são produzidas por um organismo marinho chamado Gambierdiscus toxicus, presente em recifes de coral. Elas passam da cadeia alimentar — dos peixes herbívoros aos carnívoros — até atingirem os humanos pelo consumo.

Essas toxinas não têm cor, sabor ou cheiro, e não são destruídas por cozimento ou congelamento. Também não há tratamento específico.

Os sintomas gastrointestinais podem incluir dores abdominais, náuseas, vômitos e diarreia, e surgem de poucos minutos até 48 horas após o consumo. Já os sintomas neurológicos, como inversão térmica, fraqueza muscular, visão turva e sensação de formigamento, podem durar de dias a anos. Alterações cardiovasculares, como bradicardia e hipotensão, são consideradas transitórias.

O tratamento é feito com hidratação, medicamentos sintomáticos, acompanhamento médico e repouso.

Segundo José Antônio de Moura, apesar da gravidade dos sintomas, a intoxicação por ciguatera não é letal. Ele recomendou cautela à população. “Isso foi uma fatalidade. O que a gente teria que passar para população é se se ela puder evite consumir, nesse período, esses peixes costeiros. Comer peixe de água profunda seria uma estratégia”, disse.

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