Defender uma ideia inovadora em apenas três minutos e conquistar um prêmio nacional de tecnologia. Esse foi o feito do professor Richardson Leão, idealizador da NeuroMate, empresa pré-incubada no Parque Tecnológico Metrópole Digital (Metrópole Parque), que garantiu o 1º lugar no Desafio Nacional de Inovação. A vitória foi na categoria Ideação, na temática “Saúde para Todos”.
Ao todo, 350 projetos foram inscritos na competição, cuja final e cerimônia de premiação ocorreram no último sábado 11, durante o Festival Curicaca, realizado em Brasília pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Médico, PhD em Neurociência e professor há mais de 15 anos na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Richardson participou pela primeira vez de uma “batalha de startups”, apresentando uma plataforma integrada de monitoramento neurológico neonatal de baixo custo. Ele descreve a experiência como um verdadeiro exercício de síntese emocional e intelectual.
“Tentei condensar anos de pesquisa colaborativa que desenvolvi no Instituto do Cérebro em três minutos de apresentação. Foi um pouco aterrorizante, afinal, sou um paraquedista caindo do mundo acadêmico e tentando traduzir toda uma carreira em inovação. Mas, por ser uma experiência nova, foi emocionante e rejuvenescedora”, contou o pesquisador.
Com o prêmio de R$10 mil, o professor pretende investir na construção dos dispositivos que farão parte do processo de validação clínica do projeto, previsto para começar após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN.
Segundo Richardson, a conquista reforça a missão da equipe em transformar ciência de ponta em soluções práticas voltadas ao cuidado neonatal. O projeto nasceu de uma parceria entre o Instituto do Cérebro (ICe) e a Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), ambos da UFRN, diante da alta incidência de distúrbios neurológicos em prematuros e da carência de recursos para o monitoramento cerebral.
“Receber o prêmio de 1º lugar foi uma honra imensa. Senti que foi um sinal claro de que a ciência translacional, quando bem comunicada, pode abrir caminhos para a inovação real na saúde neonatal. Essa conquista só foi possível graças à inquietação e ao compromisso dos profissionais da UTI neonatal da MEJC com o cuidado do cérebro dos nossos bebês. Sem essa preocupação genuína, essa inovação talvez nem tivesse sido imaginada. Meu principal agradecimento vai para eles, pela inspiração, parceria e confiança ao longo dessa jornada”, concluiu.
NeuroMate
Desde setembro deste ano no programa de pré-incubação do Metrópole Parque, a NeuroMate é uma plataforma tecnológica nacional e de baixo custo, desenvolvida para o neuromonitoramento neonatal em tempo real. O projeto utiliza a integração de hardware (vídeo, imageamento térmico, monitoramento cardiorrespiratório e EEG e monitoramento do ambiente da UTI) com internet das coisas e inteligência artificial.
Ao oferecer uma solução acessível e precisa, a NeuroMate combate a dependência de equipamentos importados e caros, permitindo que o SUS (Sistema Único de Saúde) realize intervenções imediatas independente das disparidades regionais de recursos financeiros e humanos.
