O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse neste domingo, 24, que testou positivo para a covid-19 e que apresenta sintomas leves da doença.
Obrador, que foi criticado pelo modo de lidar com a pandemia em seu país e por não dar o exemplo de prevenção em público, disse em sua conta oficial no Twitter que está sob tratamento médico.
“Lamento informar que estou infectado com covid-19”, twittou. “Os sintomas são leves, mas já estou sob tratamento médico. Como sempre, estou otimista. Todos nós vamos seguir em frente”.
Jose Luis Alomia Zegarra, diretor de epidemiologia do México, disse que Lopez Obrador tem um caso “leve” de covid-19 e está se “isolando em casa”.
O presidente do México escreveu que, enquanto se recupera, a secretária do Interior, Olga Sanchez Cordero, vai assumir seu lugar em suas coletivas de imprensa diárias, nas quais ele costuma falar por duas horas sem intervalos todos os dias da semana.
Lopez Obrador, 67, raramente é visto usando máscara e continua com uma agenda lotada de viagens em voos comerciais.
Ele também foi resistente em tomar medidas que prejudicassem a economia, lembrando o efeito devastador que isso teria sobre tantos mexicanos, apesar de o país já ter registrado cerca de 150 mil mortes por covid-19 e mais de 1,7 milhão de infecções. Na semana passada, o México registrou os maiores níveis de infecções e mortes até agora.
No início da pandemia, questionado sobre como estava protegendo seu país, Lopez Obrador removeu dois amuletos religiosos de sua carteira e os exibiu com orgulho.“O escudo protetor é o ‘Para trás de mim, Satanás”’, disse Lopez Obrador, lendo a inscrição no amuleto. “Pare, inimigo, pois o Coração de Jesus está comigo”.
Em novembro, Tedros Adhanom Ghebreyesus, chefe da Organização Mundial da Saúde, pediu aos líderes mexicanos que levassem a sério o coronavírus e dessem exemplos para seus cidadãos, dizendo que “o México está em péssimo estado” com a pandemia. Ele não citou Lopez Obrador especificamente, mas disse: “Gostaríamos de pedir ao México para levar muito a sério”.
“Nós dissemos isso em geral, usar uma máscara é importante, a higiene é importante e o distanciamento físico é importante e esperamos que os líderes sejam exemplos”, acrescentou.
No início da pandemia, Lopez Obrador foi criticado por ainda se inclinar para a multidão e dar abraços. Eternamente em campanha, o estilo de política de Lopez Obrador sempre foi muito prático e pessoal. À medida que a pandemia crescia, ele começou a limitar a participação em seus eventos e a manter distância de seus apoiadores.
Mas na sexta-feira, Lopez Obrador postou uma foto dele, o ministro das Relações Exteriores Marcelo Ebrard, um tradutor e ex-chefe de gabinete Alfonso Romo, todos reunidos em torno de uma mesa para um telefonema com o presidente dos EUA Joe Biden. Nenhum estava usando máscaras; o departamento de relações exteriores não respondeu às perguntas sobre se Ebrard foi testado.
Apesar da idade e da hipertensão, além de ter se submetido a uma cirurgia após um infarto, Lopez Obrador disse que não vai adiantar a vacinação. Mas ele estava fazendo exames para o coronavírus uma vez por semana.
Na sua idade e com as condições de saúde existentes, a vez de Lopez Obrador tomar a vacina ainda pode demorar semanas, pois o país ainda trabalha para vacinar os profissionais de saúde da linha de frente. Na noite de domingo, o México havia administrado quase 630 mil doses.
O anúncio de Lopez Obrador veio logo após a notícia de que ele falaria com o presidente russo, Vladimir Putin, na segunda-feira sobre a obtenção de doses da vacina Sputnik V contra a covid-19.
O secretário de Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, disse via Twitter que os dois líderes conversariam sobre a relação bilateral e o fornecimento das doses da vacina.
A vacina não foi aprovada para uso no México, mas o governo está desesperado para preencher as lacunas de fornecimento da vacina da Pfizer.
Além de Lopez Obrador, outros líderes latino-americanos que testaram positivo para o coronavírus são o presidente do Brasil Jair Bolsonaro, Alejandro Giammattei da Guatemala, Juan Orlando Hernandez de Honduras e a então presidente interina da Bolívia Jeanine Anez. Todos se recuperaram.