BUSCAR
BUSCAR
Economia

Presidente da Abrasel fala sobre carreira: da Itália à representatividade do setor

Conheça a trajetória de Paolo Passariello, representante do segmento de bares e restaurantes no Estado que saiu de Nápoles para empreender no Rio Grande do Norte
Douglas Lemos
29/10/2022 | 00:43

Poucas pessoas têm a oportunidade de mudar totalmente de vida. É o caso de Paolo Passariello, atual presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Norte (Abrasel-RN) com mandato até o ano que vem. Do sonho de viver da gastronomia, algo pensado desde a infância, ainda na Itália, a ponto de se tornar um empresário de sucesso e que ainda teria o papel de representante do setor no Rio Grande do Norte, o mandatário conversou com o AGORA RN e contou sua história antes mesmo de chegar a Natal, em 2012, adiantou as expectativas do setor em relação à prefeitura de Natal e ao governo do RN e também sobre as dificuldades do segmento para contratação de mão de obra qualificada.

Com mente empreendedora, Passariello disse ter começado na vida de empresário aos 18 anos. Hoje, aos 50, é dono do próprio restaurante em Petrópolis, Zona Leste de Natal. Mas a história começa além-mar, ainda no velho continente. “Eu sou italiano, napolitano, da cidade de Nápoles e casado com uma natalense há 18 anos. Eu trabalhava com uma outra atividade na Itália, uma empresa bastante grande de terceirização de mão de obra. Mas meu sonho sempre foi fazer gastronomia. Quando era criança, jovem, meus pais não deixavam porque a escola era muito longe, mas fiquei com esse negócio na cabeça”, contou.

4287f224 aae4 4bd0 a605 119194ab6d2e
Paolo Passariello, atual presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Norte - Foto: Rogério Vital (Arquivo Deguste)

Durante a crise financeira de 2008, viu a empresa enfrentar dificuldades e pouco tempo depois decidiu mudar totalmente de vida. “Fechei a porta, fiz a mala e vim para Natal. Cheguei em agosto de 2012”, relatou. Paolo definiu a transição do velho continente ao Brasil como “complicadíssima” e afirmou que o aspecto cultural foi um dos principais fatores de influência. “ Na Itália, devido ao clima muda todo o dia a dia. A cultura brasileira era um pouco instaurada em mim, sendo casado há bastante tempo [com uma brasileira], eu já sabia como funcionava. Só que aqui em Natal ficou um pouquinho complicado. No início ficou bem difícil me acostumar com a cultura brasileira e relacionar à gastronomia italiana. As referências da gastronomia italiana eram poucas”, disse.

Para ele, com o aumento do volume de brasileiros que visitaram a Itália, agora já existe uma familiaridade com o tema. “Hoje em dia mais pessoas viajam para a Itália e entendem como é a verdadeira gastronomia italiana. E no meu restaurante faço, exclusivamente, cozinha italiana de forma muito tradicional, com receitas de família, receitas de regiões da Itália”, relatou.

Entre os pontos que causaram estranhamento a Paolo, foi a maneira de lidar com as pessoas. “Na Europa, geralmente, é um pouco mais estressado, a gente corre muito, quer tudo na hora e aqui é um pouquinho mais relaxado. Não no sentido negativo, mas no sentido de ter tempo diferente para fazer as coisas. Logo depois comecei a me acostumar e muitos clientes e amigos dizem que sou mais natalense, mais brasileiro que os brasileiros. Hoje em dia tô aqui bem tranquilo, não tenho dificuldades, minha vida é bem tranquila. Sou bem integrado”, comentou.

E essa integração foi o suficiente para ele entender o mercado local e mudar o local do restaurante de Ponta Negra, na Zona Sul de Natal, para Petrópolis, Zona Leste. O negócio, aliás, tem perfil diferente de grande parte dos empreendimentos na capital potiguar. “Eu estou em um ponto que não é turístico e eu trabalho muito com o pessoal daqui de Natal e que pra mim não vai fazer diferença. Ao contrário. Em janeiro eu fecho porque o nosso movimento baixa. Mas isso é exclusivo em relação ao meu restaurante”, explicou.

E essa ambientação também foi fundamental para que chegasse à presidência da Abrasel-RN. “Eu já fazia parte da Abrasel quase no início que cheguei. Era uma entidade que não era forte como é hoje, hoje em dia a Abrasel é mais representativa, tanto no RN como no País, para o setor de bares e restaurantes. Vamos dizer que minha atuação na Abrasel fez com que os membros do conselho pensassem que minha figura seria apta para assumir a presidência. Eu sou uma pessoa que gosta de aprender as Leis, já pela minha experiência pregressa, que tinha uma gerência de muitos funcionários e lidava muito com leis sobre funcionários, fiscalizações. E isso fez eu me tornar uma pessoa para um cargo como este”, disse.

Fazendo um balanço a respeito do setor, o presidente da Abrasel afirma que há otimismo e que o setor enfrenta dificuldade em encontrar mão de obra qualificada. “Falta alguma qualificação no sentido de que a qualificação que hoje tem, não atinge as pessoas que a gente precisa. A gente é porta de entrada de muitos funcionários como primeiro emprego. A gente vai formando internamente. O mercado está bem complicado de mão de obra especializada. A visão geral é positiva”, avaliou.

Conforme Paolo, as principais demandas em relação ao poder público são na melhora da infraestrutura e também na divulgação do RN como destino final. “A coisa mais importante é criar uma cidade, um estado, que esteja apto para receber o turista. Tipo, infraestrutura, estradas, tudo isso que o turista olha quando chega numa cidade. Você mesmo vê que a nossa cidade não tem uma condição tal de dizer que é uma cidade espetacular. Praia? Sim, tem muita. Mar, também. Mas tudo ao redor das praias e dos pontos turísticos está um pouquinho complicado e ainda precisa melhorar bastante”, finalizou.