Se alguém, algum dia, teve dúvida, hoje não tem mais: o elo da Federação da Indústria do Rio Grande do Norte com o desenvolvimento econômico do estado é umbilical. E não é de hoje. Na pós-pandemia do novo coronavírus, porém, essa relação ganhou uma dimensão ainda maior ao concentrar boa parte de seu significado num ambicioso projeto, que é a menina dos olhos do presidente da Fiern, Amaro Sales, conhecido por “Mais RN”.
Esta semana, em três reportagens especiais, o Agora RN vai explicar as razões pelas quais o “Mais RN”, de importante iniciativa do setor produtivo, evoluiu à condição de ferramenta primordial não só para a iniciativa privada, como para a administração pública.
Na missão de conduzir o barco da economia potiguar pelos desafios que se avizinham, nada foi mais exaustivamente debatido e posto à prova nos últimos anos do que o “Mais RN” e, não obstante, continua sendo aprimorado como uma obra em aberto.
“Não é só para melhorar o ambiente de negócios pela via da informação, mas para ser uma bússola mesmo, um estimulador não só do debate, mas da ação”, resume o coordenador do projeto, o consultor José Bezerra Marinho.
De uma plataforma de informações de temas como petróleo e gás, o “Mais RN” se transformou no fio condutor sensível entre empresas, entidades, instituições e governo na busca de soluções de gargalos históricos e facilitador de sinergias tendo em vista os monumentais desafios do futuro.
A saída da Petrobras do RN depois de décadas está no ápice desse desafio, como explica Pedro Albuquerque, assessor técnico da Fiern, onde trabalha no Departamento de Pesquisa e Economia. A partir daí nasceu todo um arcabouço dinâmico de acompanhamento sobre Petróleo e Gás de que se tem notícia no estado.
Acompanhamento de todos os poços, processamento de petróleo, histórico da produção de petróleo e gás, rodadas de licitação, distribuição de royalties por município, monitoramento dos empregos formais do setor, acompanhamento da rede de laboratórios de pesquisa envolvendo petróleo e gás, entre muitos outros indicadores estão nesse radar. “A tarefa de transformar dados numa plataforma de fácil acesso conduziu ao desafio seguinte: contribuir para melhorar o ambiente de negócios”, lembra Albuquerque.
Hoje, o “Mais RN” é um universo dentro do universo. Do petróleo e gás, desdobrou-se num observatório de toda a atividade industrial a partir de uma visão ampla, abraçando indicadores da saúde, educação, segurança, arrecadação de ICMS e uma infinidade de outras informações, atualizadas mensalmente.
E, por fim, fechando o ciclo, transformando-se no que foi batizado de “Mais RN em Ação”, que nada mais é do que um agitador de todas as forças vivas em torno de agendas fundamentais para o desenvolvimento do estado seja em cadeias como das Energias Renováveis, passando pela mineração e até turismo. “Afinal, se informação é poder, articulação também é”, diz Pedro Albuquerque.
Ele explica como funciona a agenda do “Mais RN” no contexto do Petróleo e Gás. “A Fiern conta com o Senai dentro do sistema que, por sua vez, tem no CTGás-ER seu centro de pesquisa aplicada para as energias renováveis. Por isso, o petróleo sempre foi um tema estratégico dentro da agenda da indústria. Com a saída da Petrobras, já por ocasião dos leilões dos poços maduros, e mais recentemente com a política de desinvestimento da estatal, a agenda do petróleo ganhou um novo olhar. E o ‘Mais RN’, que desenvolve toda uma pesquisa nesse setor, resolveu abraçar a questão com profundidade”.
Explica que a primeira iniciativa foi desenvolver uma plataforma chamada Observatório do Petróleo e Gás, que nada mais é do que um sistema que pesquisa nos bancos de dados da Agência Nacional do Petróleo informações estratégicas sobre o setor no Rio Grande do Norte. O objetivo: melhorar o ambiente de negócios no estado e torná-lo mais acessível aos investidores.
“Construímos a plataforma de forma pública onde estão todos os dados relevantes, entre eles, nove indicadores básicos: o número de poços no RN, o processamento de petróleo, a importação de gás natural, o histórico da produção de petróleo e gás, as rodadas de licitação, os royalties, distribuição por município, os empregos formais do setor, a rede de laboratórios de pesquisa, envolvendo petróleo e gás e a relevância do petróleo e gás no PIB estadual”, ele conta.
O objetivo: democratizar informação a todos os interessados de forma simples e descomplicada, a partir de textos enxutos e gráficos. Nada de economês ou textos prolixos e cansativos. E conclui: “O RN é o estado que tem o maior número de poços de petróleo e gás. Diferentemente da Bahia, Espírito Santo e Sergipe, o RN está muito à frente em número de poços e apresenta desde 2009 uma produção constante. Somos destaque na produção em terra, número de reservas provadas de petróleo. Tudo isso ratifica nossa capacidade de produção em terra”, explica.
Em outras palavras, um potencial a ser aproveitado, sobretudo porque não é segredo para ninguém as dificuldades do RN em desenvolver outros potenciais econômicos. Uma grande oportunidade, portanto, para a região de Mossoró, de onde é possível iniciar uma retomada econômica na pós-pandemia, avalia.
Ou seja, oportunidade de reaquecer uma cadeia de pequenos fornecedores, de novas indústrias, de novas contratações que poderão acontecer na região. Mas, principalmente, oportunidade para o estado se tornar um ambiente de negócios mais atrativo com transparência, regras claras e segurança jurídica. “Porque outros estados como Sergipe e Espírito Santo também investem nessa direção e não podemos ficar de fora”, conclui Pedro Albuquerque.