26/10/2023 | 05:00
O recente episódio de vandalismo no Forte dos Reis Magos, em Natal, reacendeu discussões importantes não apenas sobre a conservação do patrimônio, mas também sobre o envolvimento de apenados em trabalhos de relevância social. A pintura do Forte, executada por detentos do sistema prisional do Rio Grande do Norte, exemplifica um primeiro passo para refletir sobre o papel mais amplo dos detentos em serviços de interesse público.
Essa tarefa de pintura, embora menos especializada, impactou visual e simbolicamente a cidade, demonstrando como os detentos podem contribuir positivamente. Mais que isso, representa uma ocupação produtiva para os detentos. Ao se envolverem em trabalhos úteis, eles podem desenvolver um senso de realização, responsabilidade e dignidade, fundamentais para a construção de uma autoimagem positiva e um caminho de mudança.
Considerando os problemas endêmicos nas prisões, como a violência e o controle de facções criminosas, a oportunidade de trabalhar em projetos externos oferece aos detentos um ambiente menos propenso a essas influências negativas. Afastados do ambiente carcerário durante essas atividades, os detentos têm uma chance valiosa de se distanciar dos ciclos destrutivos de criminalidade, reforçando assim sua capacidade de resistir a tais pressões e construir um futuro mais promissor.
Contudo, o Estado e a sociedade devem buscar ampliar a integração dos apenados em uma gama mais variada de atividades. Participar na manutenção de áreas verdes, limpeza urbana, construção civil e auxílio em outras tarefas públicas não só oferece aos detentos a chance de reabilitação e serviço social, mas também combate a ociosidade nas prisões e ajuda na prevenção da reincidência criminal. Esses trabalhos enfatizam a responsabilidade social e a ética de trabalho, essenciais para a reinserção dos detentos na sociedade.
É vital complementar essas iniciativas com suporte contínuo, incluindo programas educativos, acompanhamento psicológico e assistência na reinserção profissional. Tais medidas não só ajudam os detentos a encontrar um propósito durante o encarceramento, mas também facilitam uma transição mais eficiente e positiva após a liberação.