Localizado em uma geografia privilegiada, capaz de servir de ponte entre Brasil e Europa, o Porto de Natal poderia ser uma artéria vital para a economia do Estado e do País. No entanto, persiste como um gigante adormecido, sob a sombra de Suape em Pernambuco e Pecém no Ceará, ambos exemplos do que o Rio Grande do Norte poderia ter alcançado.
A discussão sobre a ampliação do Porto, com a criação de uma área na margem esquerda do rio Potengi, ignora uma verdade fundamental: a infraestrutura existente, na margem direita, ainda não foi utilizada em sua plenitude.
A classe dirigente do Estado, historicamente, não levou a sério o potencial portuário de Natal. A incapacidade de algumas lideranças políticas e empresariais em priorizar o desenvolvimento econômico do Estado é manifesta. Primeiro, não se trata apenas de uma questão de construir mais, mas, sobretudo, de otimizar o que já existe, de extrair da infraestrutura vigente o máximo de sua capacidade produtiva.
Antes de avançar para a construção de novos leitos portuários, o Governo do Estado, em conjunto com o Ministério dos Portos e a Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), deve estabelecer uma mesa de discussão robusta, integrando representantes da indústria e do comércio, para traçar um plano portuário coeso para o Estado. Um plano que não comece pela inovação, mas pela excelência no uso do que já está ao nosso dispor.
Esse esforço deve reconhecer as limitações atuais, como as impostas pela ponte Newton Navarro, e buscar maximizar as operações dentro do espaço disponível. O Porto de Natal, com suas exportações de frutas, minérios e sal, ainda tem folga para crescer em eficiência e diversificação de cargas.
Além do mais, não se pode esquecer do Terminal Marítimo de Passageiros, um elefante branco deixado pela Copa de 2014. É preciso repensar seu uso, para que não seja mais um símbolo de desperdício, mas um ativo que contribua para a revitalização da região da Ribeira, um espaço com potencial de renascimento econômico.
A estrutura portuária de Natal, hoje subutilizada, clama por uma gestão responsável e visionária. É chegada a hora de resgatar suas capacidades, impulsionando a atração de investimentos e negócios para a área, antes de direcionar o olhar para além de seus limites.
Somente após revitalizar e maximizar o Porto de Natal é que deveríamos ponderar sobre novos horizontes portuários. Isso não é apenas uma questão de estratégia econômica, mas de responsabilidade com o público e com as gerações futuras.