BUSCAR
BUSCAR
Justiça

Novo Código Civil deve reconhecer que animais são seres com sentimentos e direitos

Proposta vai ser debatida no Senado em sessão temática na próxima quarta-feira 17
Redação
14/04/2024 | 16:49

O relatório do anteprojeto de atualização do Código Civil, em análise no Senado, reserva um capítulo inteiro para os direitos dos animais, propondo uma nova abordagem jurídica a eles. Pelo texto, os animais serão reconhecidos legalmente como seres capazes de sentir e ter direitos. O proposta, formulada por um grupo de juristas, vai ser debatida no plenário da Casa Alta em sessão temática na próxima quarta-feira 17.

O Código Civil é a lei que regula os direitos e deveres das pessoas no âmbito civil, ou seja, nas relações jurídicas que envolvem os indivíduos em sociedade. Ele aborda questões como contratos, propriedade, família, sucessões, obrigações e responsabilidade civil, entre outros aspectos do direito privado. O Código Civil brasileiro foi instituído em 1916 e passou por diversas reformas ao longo do tempo para se adaptar às mudanças sociais e jurídicas.

vira lata caramelo pode se tornar manifestacao cultural imaterial do brasil 1992779
Relatório do anteprojeto de atualização do Código Civil, em análise no Senado, reserva um capítulo inteiro para os direitos dos animais - Foto: Shutterstock

Em relação aos animais, a lei atual considera os animais como bens móveis. Isso significa que eles são tratados como objetos de propriedade, sem personalidade jurídica ou direitos próprios reconhecidos pela lei.

O capítulo dedicado aos animais no anteprojeto do novo Código Civil estabelece que os bichos devem ser considerados “seres vivos dotados de sensibilidade e passíveis de proteção jurídica” e que a relação de pessoas e animais pode causar uma disputa pela tutela.

Durante o debate, o juiz federal Vicente de Paula Ataíde Junior, consultor para o tema dos direitos dos animais na Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), apoiou a redação do artigo e destacou que a Constituição coloca o Brasil na vanguarda da defesa dos direitos dos animais. Para ele, o ideal seria que essa visão pudesse ser expandida no Código Civil.

“Me parece mais do que evidente que a reforma do Código Civil ao menos não poderá ficar aquém dos progressos já registrados pelos códigos civis europeus, os quais há anos já afirmam: ou que animais não são coisas, ou que animais são seres vivos dotados de senciência ou sensibilidade”, afirmou.

O magistrado mencionou as leis estaduais que reconhecem os direitos dos animais, começando por Santa Catarina e seguido por Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Roraima e Amazonas.

“Nós não podemos perder esse acervo jurídico que vem se formando no âmbito da legislação estadual e municipal. Isso quer dizer que a reforma quanto ao status jurídico dos animais, a reforma do Código Civil, não pode ser cosmética ou simbólica, mas deve significar efetivo avanço na proteção jurídica dos animais pela sua adequada qualificação no ordenamento jurídico”, completou.

Embora o texto represente um avanço nos direitos dos animais, essa nova previsão é apenas o começo em direção à proteção completa dos direitos dos animais. Isso porque, caso o texto seja aprovado, ainda será necessária a edição de uma lei para regulamentar o tratamento físico e ético adequado aos animais. É o que explica o jurista Iago Moura.

“O caminho da proteção dos direitos dos animais continua por ser construído com o auxílio de uma legislação nacional de referência. Enquanto perdurar esse hiato normativo, serão aplicadas aos animais as disposições relativas aos bens, já constantes do Código Civil de 2002, desde que tais normas não sejam incompatíveis com a natureza e a sensibilidade dos animais, conforme preconiza o parágrafo terceiro do artigo 91-A”, detalha.

“Tendo em vista que a normatização específica, via lei especial, ainda não é uma realidade, não é possível tirar conclusões sobre a dimensão em que as mudanças irão ocorrer. Todavia, o que se pode afirmar é que o novo Código revela, ainda que timidamente e não sem algum atraso, estar atento a uma tendência verificada internacionalmente, inclusive nos Tribunais, de reconhecimento da senciência dos animais como uma justa razão para que lhes sejam conferidos direitos específicos”, completa.

O conteúdo do Novo Código Civil passou por discussões em uma comissão especial composta por juristas, formada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em agosto de 2023. O anteprojeto será posteriormente convertido em um projeto de lei, a ser debatido no Senado e na Câmara dos Deputados.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
Idoso é enganado em ‘golpe do amor’ e perde cerca de R$ 2 milhões
Polícia cumpre mandados e prende suspeitos em operação contra grupo criminoso
03/12/2024 às 19:35
Enem 2024: 4,3 milhões de inscritos farão provas em 3 e 10 de novembro
Número supera em quase 10% o total de inscritos na edição de 2023
24/10/2024 às 09:26
Convenção Summer Sales chega a Natal para impulsionar negócios nesta terça 15
Evento reúne especialistas em estratégias de vendas e lança best-seller, com networking e troca de experiências para empresários e profissionais do setor
14/10/2024 às 18:17
Banco do Brasil e Caixa Econômica devem entrar em greve nesta segunda 9
Segundo o Sindicato dos Bancários do RN, as ofertas feitas pelos bancos não atendem às necessidades dos trabalhadores
09/09/2024 às 08:24
Professores decidem manter greve nas UFs após nova negociação
A paralisação já dura dois meses e alcança 61 instituições
15/06/2024 às 09:44
Lula defende taxação dos super-ricos e combate à fome na OIT
Presidente participa na Suíça de evento sobre Justiça Social
13/06/2024 às 15:53
Lulu Santos é internado em hospital após passar mal e shows são cancelados
Cantor foi internado e ficará em observação por dois dias
08/06/2024 às 18:13
STF marca para dia 12 julgamento sobre correção do FGTS
Discussão foi interrompida em novembro do ano passado
03/06/2024 às 12:14
Governo Central tem superávit primário de R$ 11,1 bilhões em abril
Resultado fica abaixo da expectativa de especialistas
28/05/2024 às 14:46
IBGE: calamidade prejudica coleta de preços para cálculo da inflação
Instituto precisou imputar preços de hortaliças e verduras
28/05/2024 às 12:12