A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) classificou como “canalha, perversa e mentirosa” a declaração do vice-presidente Hamilton Mourão de que “não existe racismo no Brasil”.
A fala foi proferida por Mourão nesta sexta-feira 20, Dia da Consciência Negra, durante um comentário sobre a morte de um homem negro por seguranças de um supermercado de Porto Alegre (RS).
O homem, identificado como João Alberto Silveira Freitas, tinha 40 anos de idade e foi espancado por seguranças até a morte depois de discutir com uma funcionária do Carrefour. Os dois seguranças foram presos.
“Horas depois do assassinato bárbaro de João Alberto, o vice-presidente Mourão tem a cara de pau de dar essa declaração canalha, perversa e mentirosa, de que não existe racismo no Brasil. Esse governo genocida precisa ser derrubado!”, escreveu a parlamentar potiguar no Twitter.
Mourão lamentou a morte de João Alberto, mas disse que o ocorrido não pode ser classificado como um episódio de racismo. “Digo com toda a tranquilidade para você: não existe racismo no Brasil”, declarou o vice-presidente.
“Digo isso porque já morei nos Estados Unidos. Racismo tem lá”, argumentou Mourão ao negar a existência do racismo no Brasil. “Aqui existe desigualdade. Fruto de uma série de problemas”, completou.
O vice citou que viveu no país norte-americano no fim da década de 1960 e, na época, ficou impressionado com políticas segregacionistas. “Na minha escola, quando eu morei lá, o pessoal de cor andava separado. Eu nunca tinha visto isso aqui no Brasil. Saí do Brasil, fui morar lá, era adolescente e fiquei impressionado com isso.”
Mourão afirmou que a maior parte das “pessoas de cor” são de “nível mais pobre” e citou que a sociedade brasileira é “misturada”. “Grande parte das pessoas, vamos colocar assim, de nível mais pobre, que tem menos acesso aos bens e as necessidades da sociedade moderna, são gente de cor. Apesar de nós sermos uma sociedade totalmente misturada, é só tu olhar a minha lata aqui né”, disse, indicando sua própria cor de pele.