A deputada federal pelo Rio Grande do Norte Natália Bonavides (PT) criticou apoio da bancada petista ao nome de Baleia Rossi (MDB-SP), um dos postulantes a presidente da Câmara dos Deputados. A princípio, para a eleição de primeiro turno, a parlamentar acredita que os deputados do partido deveriam lançar uma candidatura de oposição pautada em temas como o reajuste real do salário mínimo e o fim do teto de gastos.
“São temas que caberiam a Câmara discutir e que atualmente esses dois candidatos da direita não sinalizam para pautar. Como é uma eleição de dois turnos, acho que seria muito importante que a oposição lançasse um nome nesse momento. Mas o partido ainda está fazendo esse debate e existe sim uma parcela que defende o apoio a ele”, detalha. O Partido dos Trabalhadores se reuniu ontem para discutir o assunto e encaminhar uma definição.
O mandato de presidente para o próximo biênio será disputado por Baleia Rossi (MDB-SP), nome lançado pelo bloco do atual presidente da Casa Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o deputado Arthur Lira (PP-AL), que tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Sem apoio para lançar uma candidatura própria com chances reais de vencer, o PT se vê diante de um impasse entre um deputado apoiado por Bolsonaro e um candidato do MDB, sigla que endossou o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff.
“Eu acredito que nós não deveríamos apoiá-lo agora no primeiro turno (Baleia Rossi) porque a oposição precisa apresentar seu programa. São duas candidaturas de direita, com as quais nós temos mais divergências do que convergências. Inclusive o próprio Baleia Rossi era um líder com índice altíssimo de votação de acordo com as orientações do governo. Essa deveria ser a posição no primeiro turno. No segundo turno, esse debate do ‘menos ruim’ poderia ser discutido, mas não desde já”, acrescenta.
Ainda em negociação interna, uma das condições para o apoio petista ao deputado Baleia Rossi seria a de uma postura mais transigente em relação a análise de pedidos de impeachment do presidente Bolsonaro. Isso porque o atual presidente da Câmara Rodrigo Maia travou pelo menos 50 pedidos de impeachment sob a alegação de que o processo geraria ainda mais instabilidade política no país.
“É um tema importante a ser discutido. Ao contrário do que aconteceu no passado com a ex-presidenta Dilma, hoje existe uma lista extensa de crimes de responsabilidade. O requisito jurídico de abertura do processo hoje está mais do que caracterizado e tínhamos que ter um presidente da Câmara com responsabilidade institucional para dar seguimento a esses processos. O presidente da República cometeu crimes que colocam a vida da população em risco, como foram os crimes que ele cometeu durante a pandemia”, ressalta.
A eleição do dia 1º de fevereiro para escolher o presidente da Câmara definirá também a Mesa Diretora (1º vice-presidente, 2º vice-presidente, quatro secretários e quatro suplentes) pelos próximos dois anos. A votação secreta precisa ter o quórum mínimo de 257 deputados (metade do número total de parlamentares + 1).
Maia conseguiu, até agora, o apoio formal de dez partidos: DEM, PDT, PSB, MDB, Cidadania, Rede, PV, PCdoB, PSDB e PSL. A expectativa é de que o PT também se junte ao bloco. Esses partidos representam 269 deputados, o que, em tese, garantiria a eleição. A candidatura de Rossi, com apoio de Maia, é vista na Câmara como uma oposição ao governo federal.