23/06/2021 | 10:19
Não existe gabinete paralelo no governo, o que há é um governo vivendo uma realidade paralela.
E um presidente que dá corda a lobbies paralelos, a um cercadinho paralelo no Planalto e amigos paralelos com projetos de poder paralelos.
Mas, falando sério, o que não há mesmo é um governo.
Há ministros que todos os dias imaginam fórmulas para agradar o chefe e seguidores obcecados pelo seu líder esperando apenas ordens de comando.
Senta, levanta, rola, abana o rabo, dá a patinha. Querem ver?
Ao mandar uma jornalista calar a boca esta semana, o presidente da República retirou a máscara de proteção.
Até aí nenhuma novidade em se tratando de quem é. Surpreendente mesmo foi ver toda a comitiva presidencial fazendo a mesma coisa sem pestanejar.
Naquele momento o país viu um homem hiperventilando e agindo como líder de matilha, tanto que a deputada Carla Zambelli, grudada a seu lado, aproveitou o ensejo para arreganhar os dentes.
Ódio nos olhos, espuma na boca e um país desunido – uma bela visão para uma nação com medo da fome e da violência, sem projeto de futuro e, ainda por cima, dizimada por uma pandemia.
Agora mesmo, esse governo fora da curva da redemocratização prepara terreno para uma reforma administrativa.
Por meio dela, ao invés de seis mil, o presidente poderá nomear 90 mil cargos de confiança pagando a eles salários da iniciativa privada.
Um aparelhamento sem precedentes, que deixará no chinelo qualquer coisa parecida em tempos recentes.
E o pior, no momento em que a economia está no fundo do poço, especialmente para a maioria da população.
Juntando com as mordomias já existentes no Ministério Público e no Poder Judiciário, o Brasil aproxima suas elites das castas romanas e seus privilégios.
Ave, Cesar, “aqueles que estão prestes a morrer o saúdam”.