Casos recentes de intoxicação por metanol em São Paulo, com internações graves e pelo menos uma morte confirmada, acenderam o alerta em todo o país. Apesar da gravidade da situação, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Rio Grande do Norte, Thiago Haddad, garante que não há motivo para pânico no Estado. “O único caso que se tem notícia de morte pelo metanol foi registrado em São Paulo. Há alguns casos que ainda estão sendo averiguados. É uma situação isolada”, afirmou.
Segundo Haddad, até o momento não há registros confirmados no RN. Ele explicou que a entidade tem acompanhado de perto os números. “Tem uma suspeita agora em Pernambuco. É tranquilizar a população. Todas as entidades da Abrasel em todos os estados do nosso País estão acompanhando as notícias, acompanhando todas as secretarias de saúde. E a gente tem a certeza de que isso não deve ser uma coisa de proporções nacionais”, disse, em entrevista ao AGORA RN.

O presidente destacou que a falsificação de bebidas é um problema antigo, mas que agora voltou ao debate devido à gravidade dos casos de intoxicação por metanol. “Foi desmantelada uma fábrica de falsificação em São Paulo. Isso já é uma boa notícia. O poder público realmente agora está agindo com mais energia. Mas a falsificação é uma coisa que já existe sempre. Existe um estudo, inclusive da USP, que fala que um em cada três litros de bebida tem falsificação”, ressaltou. Segundo Thiago Haddad, os tipos de bebidas mais falsificadas atualmente são whisky, gim e vodca.
Para reduzir riscos, a Abrasel iniciou uma série de treinamentos voltados a bares e restaurantes de todo o país. “Há um treinamento nacional desde a última segunda-feira com vários horários para donos de bares e restaurantes. Muitos dos nossos bares já fizeram, restaurantes estão fazendo. A gente tem agenda até esta sexta-feira 3 com as aulas ministradas pela Associação Brasileira de Bebidas Destiladas”, explicou Haddad.
Como identificar bebidas alcoólicas falsificadas

Sobre como identificar uma bebida adulterada, o presidente orienta atenção redobrada aos detalhes. “Verifique se a caixa realmente tem as grafias corretas, não tem erros de impressão. Ao tirar o rótulo da caixa, observe se ele está intacto, se a grafia está correta. Depois de tirar a tampa da garrafa, ela geralmente tem também um lacre físico mais duro, que é soldado ponto a ponto. Verifique se esses pontos estão alinhados. Ao abrir o litro, cheire. O cheiro do metanol é muito forte, muito diferente do cheiro das bebidas alcoólicas que estão sendo falsificadas. E, além de tudo, o sabor também é intragável”, alertou.
Dicas
- Verifique a caixa: confira se as grafias estão corretas e se não há erros de impressão.
- Observe o rótulo da garrafa: ele deve estar intacto e com a grafia perfeita.
- Examine o lacre da tampa: normalmente é físico, mais duro, soldado ponto a ponto; confira se os pontos estão alinhados.
- Cheire a bebida ao abrir: o metanol tem odor muito forte, diferente das bebidas alcoólicas originais.
- Prove com cuidado: o sabor da bebida adulterada é intragável e totalmente diferente do original.
Haddad reforçou que bares e restaurantes associados à entidade oferecem maior segurança. “Não há motivo de pânico. Os bares e restaurantes, principalmente os associados à Abrasel, já compram direto do fornecedor, da distribuidora, da fábrica. É o lugar mais seguro para se consumir bebida alcoólica. Então, é não consumir bebidas de distribuidoras que não sejam apresentáveis, que não tenham o mínimo cuidado com a manipulação da bebida”, orientou.
No Rio Grande do Norte, a Abrasel conta com 842 associados, todos passando por triagem e recebendo informações detalhadas sobre prevenção à falsificação de bebidas.
Ele também lembrou que comerciantes do setor são prejudicados com as falsificações. “O dono do bar e do restaurante, se for se lesar alguém, ele também é vítima. Nenhum dono de bar e restaurante quer que isso aconteça. A ordem e o procedimento é descartar a bebida ou entregar às autoridades para investigação de onde venha esse tipo de álcool”, afirmou.
Notificações por intoxicação com metanol sobem para 43
O número de suspeitas de intoxicação por metanol no Brasil chegou a 43, após determinação do Ministério da Saúde para notificação imediata. Desse total, 39 casos estão em São Paulo — dez confirmados e 29 em investigação — e quatro em Pernambuco. Até o momento, apenas uma morte foi confirmada em São Paulo, enquanto outros sete óbitos seguem sob apuração, sendo cinco no estado paulista e dois em Pernambuco.
“Estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol no país”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Para monitorar e coordenar as ações, o Ministério da Saúde instalou, em caráter extraordinário, uma Sala de Situação reunindo equipes técnicas de diversos ministérios, da Anvisa, de conselhos nacionais de saúde e das secretarias estaduais de São Paulo e Pernambuco.
O objetivo é analisar sistematicamente os casos suspeitos e organizar medidas de resposta enquanto persistir o risco sanitário, diante da suspeita de envolvimento de organização criminosa na adulteração das bebidas alcoólicas.