Com a chegada de um novo ano, também começa a época dos temidos reajustes nos preços, que tanto impactam a vida dos brasileiros. Um dos serviços que sofre aumentos anualmente é o prestado pelas escolas particulares que, assim como as públicas, tiveram um ano atípico por conta da pandemia provocada pela covid-19, com suspensão de aulas presenciais e uma série de outros desafios.
Os reajustes anuais das instituições de ensino normalmente estão descritos no contrato assinado pelos consumidores. No documento, costuma estar detalhado o índice de preços que a escola pretende seguir, podendo ser tanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) como também o IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado).
A má notícia para os contratos que são baseados no IPCA é que, no acumulado de 12 meses, o índice vem fechando em 4,31% – um pouco acima da média projetada pelos especialistas, de 4,19%. O índice é a principal referência para o reajuste de preços no país.
Segundo levantamento feito pela consultoria Meira Fernandes, especializada em gestão de instituições de ensino, 68% das escolas pretendem aumentar o valor da mensalidade em 2021. Além disso, 35% das instituições ouvidas farão o reajuste na ordem de 5% a 6%. Enquanto 26% deverão repassar um aumento de 3% a 4%.
Vale lembrar que não existe teto para o reajuste das mensalidades escolares. Os colégios particulares podem decidir livremente sobre o aumento com base nas suas despesas administrativas.
O E-Investidor conversou com especialistas para entender como o preço das escolas particulares pode subir em 2021.
Reajuste 2021 da mensalidade das escolas particulares
O final do ano letivo marca o início do processo de rematrícula nas escolas. Contudo, os colégios particulares devem comunicar o reajuste da mensalidade até 45 dias antes do prazo final da matrícula.
Para Tiago Kaplan, economista da Warren Investimentos, o reajuste das escolas particulares deve ficar na casa dos 4% a 6%. “Não imagino as escolas repassando um aumento maior para as famílias, porque vai ser difícil arcar com esse reajuste”, explica.
O grande problema para as escolas que apostarem em um reajuste muito alto está relacionado à oferta. Ao contrário das contas de água e luz, em que não é possível trocar o fornecedor, os colégios particulares não têm essa oportunidade, e dependendo do valor do reajuste, podem acabar perdendo alunos para outras instituições.
Christian Coelho, CEO do grupo Rabbit, que presta consultoria para mais de 1480 escolas, acredita que o aumento ficará um pouco acima do IPCA. “As mensalidades terão reajuste de 5% a 8% em média”, diz.
Ao longo de 2020 as escolas ofereceram uma série de descontos como forma de manter os alunos matriculados durante a pandemia. Para Coelho, assim que a situação das escolas se normalizar, os descontos serão renegociados e, possivelmente, retirados
Segundo George Sales, professor de finanças e mercados da Fipecafi, os reajustes devem seguir a linha do IPCA e ficar na faixa dos 4%. “Não tem muito espaço para as escolas recuperarem as perdas de 2020. Se subirem muito os preços sempre existe a possibilidade da troca de instituição”, informa o professor.
Para Lorelay Lopes, head de operações na UP Consórcios e educadora financeira pela DSOP, as escolas particulares foram bastante impactadas pela pandemia, tanto com a fuga dos alunos, como também com a inadimplência. “Por conta dos problemas tidos ao longo do ano, os reajustes devem se manter na faixa dos 10%”, diz.
Procure negociar
Geralmente as escolas particulares oferecem bons descontos para aqueles que pagam o ano inteiro adiantado. Na visão dos especialistas, renegociar os preços será fundamental para evitar o impacto nas contas das famílias.
Com a pandemia, as relações entre as escolas e os familiares se estreitaram, o que possibilitou que as duas partes negociassem alternativas que não fossem tão onerosas, nem para um, nem para o outro.
“A grande maioria das pessoas consegue negociar com desconto. Vale a pena conversar com o diretor ou secretaria para pleitear um abatimento no preço da mensalidade”, explica Lopes.
A época de fim de ano é excelente para organizar as contas. “O mais importante é fazer um planejamento financeiro e se organizar para conseguir oportunidades nas antecipações das mensalidades”, explica Kaplan
Para Lopes, o consumidor deve, pelo menos, tentar negociar um desconto que seja superior ou igual ao reajuste, para que as contas não fiquem tão pesadas para as famílias e lembra que quem tem mais de um filho na mesma instituição possui melhores chances de negociações.