Informações extraídas de pesquisas internas do governo revelam uma queda nos níveis de aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trazendo apreensão ao Palácio do Planalto. Essa diminuição da popularidade é atribuída, em parte, ao número considerável de viagens internacionais realizadas por Lula – já totalizando 19 países desde o início de seu governo. A percepção de que as questões internas do País estão sendo negligenciadas se intensificou, especialmente no último mês, enquanto o presidente se recuperava de uma cirurgia no quadril.
Um estudo divulgado pela consultoria Quaest, contratada pelo mercado financeiro, evidenciou um declínio na aprovação do governo Lula em quase todas as camadas da população, incluindo entre aqueles que votaram nele em 2022 e entre os que ganham até dois salários mínimos. Levantamentos semelhantes, encomendados pelo próprio governo, corroboraram esses dados.

Essas constatações parecem ter influenciado o presidente durante um café da manhã com jornalistas. Uma fonte interna, ligada à comunicação do governo, relatou que Lula expressou uma vontade clara de enviar sinais ao seu eleitorado. Isso ficou evidente quando ele mencionou a improbabilidade de um déficit zero no próximo ano, dado o desinteresse do governo em cortar gastos.
A popularidade de Lula é considerada um dos seus maiores ativos políticos. Com as eleições de 2026 ainda distantes, manter-se como favorito é essencial, ainda mais após a ineligibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo TSE, o que, de certa forma, fortalece a posição de Lula.
No início deste ano, sob a pressão de uma economia em declínio, Lula criticou publicamente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como parte de uma estratégia para reduzir a taxa Selic. Apesar de não tomar medidas contra a independência do BC, o presidente alcançou seu objetivo de se comunicar com sua base de apoiadores.
Agora, mesmo dentro do governo, poucos acreditam numa verdadeira guinada à esquerda que ultrapasse a retórica. A inviabilidade de um déficit zero já era um tema amplamente debatido, tanto dentro quanto fora do governo. O ponto principal era quando e como essa revisão orçamentária seria feita, e a forma como foi conduzida acabou surpreendendo até mesmo membros do governo. A impressão é que, muitas vezes, Lula não realiza um cálculo político prévio antes de suas declarações, sendo a feita na sexta-feira particularmente mais enfática do que o usual.