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Dança

Juliana Iyafemí apresenta solo de dança

Solo de dança da artista radicada em Natal ressalta valor da religião afro-brasileira. Com trilha sonora assinada por Moreno Veloso, filho de Caetano Veloso, o espetáculo estreia online no dia 6 de fevereiro
Redação
27/01/2021 | 08:56

O espetáculo “Qual é o seu nome?”, que estreia dia 6 de fevereiro, às 20h, em plataforma digital, mistura o erudito e o popular para falar sobre a iniciação da dançarina Juliana Iyafemí na religião do candomblé. No palco, estarão presentes de forma minimalista todos os elementos da natureza – água, fogo, ar, terra, mato –, que são apresentados artisticamente e de maneira respeitosa.

Com duração de 20 minutos, o solo de dança é protagonizado pela atriz Juliana Iyafemí, que também compôs toda a narrativa. O espetáculo marca os 15 anos de carreira da artista, que é mineira radicada em Natal. O solo trata ainda sobre elucidações acerca da cultura afro-brasileira, através da valorização do samba de roda, da capoeira e das danças baseadas nos movimentos dos orixás – os três são tombados como patrimônios imateriais do Brasil.

Juliana iyafemí apresenta solo de dança em natal
Juliana Iyafemí compôs a narrativa do solo de dança - Foto: Divulgação

O rito de iniciação proposto na dança ainda remete o público a pensar o que faz as pessoas começar algo diferente todos os dias, ou simplesmente começar de novo. Ou ainda, quem é você para além do seu nome.

Nos bastidores, estão dois fortes expoentes da arte contemporânea nacional. A diretora Vera Passos é professora, bailarina e coreógrafa com trabalhos consolidados que vão das danças tradicionais brasileiras ao balé clássico. Atualmente, é uma das difusoras da Técnica Silvestre de dança, juntamente com a idealizadora Rosângela Silvestre.

Já a trilha sonora é assinada por Moreno Veloso, que também é candomblecista e filho de Caetano Veloso com sua primeira esposa, a dançarina Gadelha Veloso. Multi instrumentista, Moreno tem no currículo os álbuns “Máquina de Escrever Música” (2000) e “Coisa Boa” (2014) e composições gravadas por artistas como Adriana Calcanhoto, Roberta Sá e o próprio Caetano.

O título do espetáculo – “Qual é o seu nome?” – foi retirado do trecho de uma das mais recentes composições de Moreno, que assim como a trilha sonora do espetáculo foi feita especialmente para Juliana Iyafemí. O que, aliás, foi algo inédito na carreira do compositor.

Ele já havia produzido trilha sonora que inspirou outros trabalhos de dança, como o grupo Corpo, de Belo Horizonte, mas, no caso atual, ele fez o caminho inverso, ou seja, criou uma trilha para um espetáculo que já tinha os movimentos definidos.

Sobre a relação com Moreno, a atriz disse que “foi um reencontro nosso e a generosidade dele é imensa, além do impecável profissionalismo. Trabalhar com Moreno é uma gratidão imensa”.

Essa dinâmica se deu por conta da pandemia, o que fez com que toda a produção fosse acompanhada à distância. A artista, por exemplo, fez a maioria dos ensaios sem música. “Tive que me reinventar, aprender a escutar o som do silêncio, o som do palco”, contou Juliana Iyafemí, que agora enfrenta o desafio de dançar para a câmera, sem o calor do público.

Formada em Teatro pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), bailarina e produtora cultural, Juliana Iyafemí se define como uma artista movida pela sua própria inquietação. Nascida e criada em Araguari (MG), atualmente vive na capital potiguar e se prepara para novos desafio na Bahia; já rodou o Brasil e alguns países, como Itália, Espanha, Peru, Uruguai, Suíça, Alemanha, em apresentações de dança, teatro, rodas de capoeira, dentre outros projetos que reforçam o quanto a cultura afro está enraizada em nossa sociedade. “Por onde passo, faço um ‘Jam Session’, uma apresentação livre, pois por onde vou levo meu corpo que é minha casa e meu trabalho”, revelou.

No fim do ano passado, ela protagonizou o curta-metragem “Entenebrecida – Um experimento sobre a carne”, em que mira os holofotes na questão racial, de classe, de gênero e canaliza sua energia na elucidação das culturas de matrizes afrodescendentes, o que na essência é um trabalho de valorização da própria história do Brasil. O filme está disponível para exibição gratuita no YouTube até o dia 17 de janeiro e depois será inscrito em editais de cultura nacionais e internacionais.