Javier Milei, apelidado de “El Loco”, surpreendeu a América do Sul ao vencer a eleição presidencial argentina, impondo ao peronismo sua maior derrota em 40 anos.
A vitória de Milei simboliza o cansaço dos argentinos com a falta de prosperidade e a busca por uma alternativa radicalmente nova.
Apesar de sua postura inicial disruptiva, Milei suavizou o discurso no segundo turno, conquistando o apoio da direita tradicional, incluindo o ex-presidente Mauricio Macri. Essa aliança é fundamental para a governabilidade, dada a pequena representação de sua própria bancada no Congresso, dominado pela oposição peronista.
Milei prometeu o fim da “decadência argentina” e a transformação do país em uma potência mundial em 35 anos. Porém, ele enfrenta desafios imediatos, como a gestão da enorme dívida argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI), originada durante o governo Macri. A falha de Macri em implementar reformas foi o que levou à volta do peronismo, um cenário que Milei agora tenta evitar.
Milei propõe a privatização de estatais e reformas econômicas radicais, incluindo a dolarização da economia, cortes na estrutura administrativa e a eliminação do Banco Central. Porém, seu discurso recente sugere um gradualismo nas mudanças, mostrando-se mais aberto a negociações com outros setores políticos, incluindo facções peronistas não-kirchneristas.
Apesar de suas propostas econômicas ambiciosas, Milei enfrentará resistência para implementá-las, especialmente no que diz respeito à redução dos subsídios sociais e à revisão das relações com Mercosul, Brasil e China. No dia 10 de dezembro, Milei assumirá a presidência com um país enfrentando inflação anual de quase 200%, reservas internacionais baixas, déficit público, recessão e mais de 40% da população na pobreza.
Espera-se que o Milei moderado, que emergiu recentemente, prevaleça, equilibrando a necessidade de reformas com a realidade política e econômica complexa da Argentina.
Este equilíbrio será crucial para evitar mais turbulência e para que Milei possa conduzir o país com uma margem de manobra e erro limitadas.