O vereador Irapoã Nóbrega (Republicanos) pediu nesta quarta-feira 19 que o vereador Matheus Faustino (União) não use as redes sociais para pressionar os colegas a votar a favor da cassação da vereadora Brisa Bracchi (PT). Em discurso durante a sessão plenária, Irapoã se solidarizou com vereadores que vêm sendo constrangidos e pediu que seu nome não seja envolvido no movimento de pressão.
A cobrança de Irapoã acontece após Faustino criar um site – chamado Fora Brisa – em que exibe o posicionamento de cada parlamentar sobre o processo. No portal, foram divulgados contatos dos vereadores, incluindo número de telefone pessoal, além das informações públicas sobre o gabinete.

“Quero pedir ao vereador Faustino que evite de expor os vereadores. Você ficar expondo em redes sociais número de telefone e redes sociais dos vereadores é, no mínimo, irresponsabilidade sua. Por favor, tire meu nome das suas redes sociais, tire meu nome de qualquer coisa que você publicar”, afirmou Irapoã.
O parlamentar do Republicanos enfatizou que não aceitará a pressão. “Eu não sei os demais vereadores, mas Irapoã não aceita ser pressionado por você, que chegou junto comigo aqui da mesma forma. Você é igual a mim, eu sou igual a você”, declarou o parlamentar.
O que diz Faustino
Em resposta, Matheus Faustino negou que tenha exposto os vereadores indevidamente. Ele disse que apenas publicou em um site as informações públicas dos gabinetes dos vereadores que também são exibidas no portal institucional da Câmara.
“Em nenhum momento, eu divulguei número, rede social de nenhum vereador aqui da Casa. Isso é uma mentira. Isso está constando no meu site Fora Brisa. São informações disponíveis no próprio site da Câmara Municipal. Se está solicitando que tire o número do gabinete dos vereadores, não o número pessoal, é preciso solicitar que tire do site da Câmara Municipal, mas a gente estaria ferindo o princípio da publicidade”, destacou o vereador do União Brasil.
Faustino afirmou que a pressão que os vereadores vêm recebendo não foi feita por ele, e sim por eleitores comuns e parte da imprensa. “Vocês se resolvam com o eleitorado de vocês. Se se incomodaram, resolvam com o eleitorado de vocês. Ninguém me deve explicação de nada. A explicação não tem que ser para mim, tem que ser para os eleitores de vocês”, declarou o vereador.
O autor da denúncia contra Brisa disse ainda que não teme ameaças e que continuará com sua postura. “Eu não tenho medo de me posicionar. Eu me posiciono de acordo com o que sempre me propus a fazer aqui dentro dessa Casa. Eu tenho posições claras, duras. Sei que os parlamentares discordam do que eu falo, da forma como eu faço, mas é a minha forma. Da mesma forma que eu tenho que atuar da forma que eu acho, vocês atuam da forma que vocês acham. Eu vou continuar agindo da maneira que eu entrei aqui.”
“Por mais que tentem me atacar agora, podem atacar o mensageiro, arrancar a cabeça, matar o mensageiro, mas eu tenho certeza que a mensagem já chegou na cabeça de cada um dos natalenses. E eu não tenho medo de ninguém”, encerrou.
Caso Brisa
Brisa Bracchi é acusada de ter transformado um evento cultural bancado com emenda parlamentar em ato político-partidário. Ela destinou R$ 18 mil para o Rolé Vermelho, realizado em 9 de agosto, e dias antes publicou vídeo nas redes sociais afirmando que o encontro serviria para celebrar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para que a vereadora seja cassada, são necessários os votos de 20 de 29 dos vereadores da Casa. Dois vereadores estão impedidos de votar: a própria Brisa e Matheus Faustino, que foi o autor da denúncia. Neste caso, foram convocados os suplentes Júlia Arruda (PCdoB) e Albert Dickson (União). Júlia recusou a convocação – com isso, foi chamado o 2º suplente, Carlos Silvestre (PT).