O PR parece estar definitivamente em crise no Rio Grande do Norte. Após o anúncio do apoio da legenda à candidata da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) em Mossoró, Claudia Regina (DEM), o partido presidido pelo deputado federal João Maia contabiliza sua primeira perda de quadros. O advogado Fábio Hollanda, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte, acaba de renunciar ao cargo de presidente do Diretório do PR em Natal. Ele pediu desfiliação da legenda.
As motivações para o rompimento com João Maia são muitas para o advogado Fábio Hollanda. Indicado pelo partido para compor o secretariado da governadora Rosalba Ciarlini, na condição de secretário de Justiça e Cidadania, o advogado pediu demissão do cargo por, segundo ele, sofrer boicote da gestão estadual, que não dava condições financeiras e autonomia administrativa para ele gerir a pasta que cuida dos presídios, centrais do cidadão e defesa civil. Não se ouviu, desde então, uma palavra pública de solidariedade de João Maia, que pelo visto, preferiu a aliança com Rosalba que a salvaguarda de um seu correligionário.
Em carta enviada a João Maia, com data de hoje, Fábio expõe sua mágoa. “Venho apresentar o meu pedido irrevogável e irretratável de renúncia à presidência do Partido da República na minha amada cidade do Natal, ao tempo em que peço o meu imediato desligamento da referida legenda”, diz o texto, que pode ser conferido na íntegra logo abaixo, no “Continue Lendo”. E segue Hollanda: “Fui boicotado durante os sessenta dias em que estive como secretário de Estado da Justiça e da Cidadania e pelo governo a que Vossa Excelência serve na condição de ‘Conselheiro’. Cada boicote e cada dificuldade foi comunicado a Vossa Excelência em tempo real sem nenhuma reação política e nenhum gesto de solidariedade a mim. Este mesmo governo recebe agora a indicação para a secretaria de Turismo, o que demonstra que Vossa Excelência acredita no governo e certamente dá ensejo para que se diga que o equivocado fui eu”, diz Hollanda.
CARTA DE FÁBIO HOLLANDA A JOÃO MAIA:
Venho apresentar o meu pedido irrevogável e irretratável de renúncia à presidência do Partido da República na minha amada cidade do Natal, ao tempo em que peço o meu imediato desligamento da referida legenda.
Fui boicotado durante os sessenta dias em que estive como Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania e pelo governo a que Vossa Excelência serve na condição de “Conselheiro”. Cada boicote e cada dificuldade foi comunicado a Vossa Excelência em tempo real sem nenhuma reação política e nenhum gesto de solidariedade a mim.
Este mesmo governo recebe agora a indicação para a secretaria de Turismo, o que demonstra que Vossa Excelência acredita no governo e certamente dá ensejo para que se diga que o equivocado fui eu.
Servi ao meu Estado com muito suor, dando de domingo a domingo, a cada minuto do dia, o melhor da minha capacidade.
Certamente o meu maior “defeito” é amar ao próximo como a mim mesmo, e o segundo é ter dificuldade de amar a mim mesmo como amo a minha família e aos meus amigos, mas chega um momento em que ou tomo uma posição ou estarei sendo ingrato com os meus e com o Criador que nos fez para sermos felizes, como lapidou o meu amado tio Nivaldo.
Sei que também tenho virtudes, sou grato a Deus e a cada um dos nossos irmãos, sou feliz em conjunto, porém do meu sofrimento poupo a todos e a cada um, sem deixar de reconhecer o quão é duro perceber que Mário Quintana estava absolutamente certo ao dizer que o pior dos nossos problemas é que ninguém tem nada a ver com isso, mas digo, continuarei a tentar resolver os problemas alheios, vendo que quando o Cristo lapidou que devemos fazer o bem sem olhar a quem o fez não para cultuar o altruísmo, mas para nos proteger de um sentimento que é a da essência dos que amam – a mágoa.
Deixo a vida partidária, voltou a ser unicamente, o que nunca deixei de ser, mas agora o faço com exclusividade – Advogado.
Agradeço a Deus por haver o colocado junto a mim e por ter tido a alegria de conviver com a família Maia lá do Bom Lugar, com um carinho especial ao seu lar, de D. Fernanda a Neto, passando por cada um dos que tive a honra de beijar a face e apertar a mão.
Abraço fraterno,
Fabio Luiz Monte de Hollanda.