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Declaração

Após protestos, Hugo Motta afirma que Câmara vai retirar “pautas tóxicas”

Presidente da Câmara disse, nesta segunda-feira 22, que Senado deve arquivar PEC da Blindagem se considerar proposta inadequada
Redação
22/09/2025 | 13:19

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta segunda-feira 22 que é o momento de retirar “todas essas pautas tóxicas” da agenda do Legislativo. A declaração foi feita um dia após manifestações contrárias à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e ao projeto de lei da anistia, realizadas em todas as capitais do país.

“É chegado o momento de tirarmos da frente todas essas pautas tóxicas. Talvez a Câmara dos Deputados tenha tido, na semana passada, a semana mais difícil e mais desafiadora. Mas este presidente que vos fala… nós decidimos que vamos tirar essas pautas tóxicas porque ninguém aguenta mais essa discussão”, disse Motta.

Após protestos, Hugo Motta afirma que Câmara vai retirar “pautas tóxicas” - Foto: Reprodução
Após protestos, Hugo Motta afirma que Câmara vai retirar “pautas tóxicas” - Foto: Reprodução

A PEC da Blindagem, aprovada na Câmara, busca restringir a possibilidade de processos judiciais contra parlamentares. Já a urgência do projeto de lei da anistia foi aprovada sem passar por comissões, o que permite que o texto vá diretamente ao plenário. As votações foram resultado de um acordo entre bolsonaristas e integrantes do Centrão, em reação à prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o blog da jornalista Andréia Sadi, a repercussão negativa das votações praticamente inviabilizou, pelo menos por ora, a aprovação da PEC da Blindagem no Senado.

Durante um evento com representantes do mercado financeiro em São Paulo, Motta declarou que a Câmara pretende mudar o foco do debate. “O Brasil tem que olhar pra frente, tem que discutir aquilo que realmente importa, que é uma reforma administrativa, questão do imposto de renda, da segurança pública.”

Motta afirmou ainda que respeita as manifestações, tanto as contrárias quanto as favoráveis à anistia: “Isso demonstra que a nossa população está nas ruas defendendo aquilo que acredita, e eu tenho um respeito muito grande pelas manifestações populares.”

Sobre a tramitação da PEC da Blindagem no Senado, ele disse que respeitará a decisão da outra Casa, mas defendeu o posicionamento da Câmara. “A Câmara se sente no direito de defender o exercício parlamentar.”

Senado deve arquivar PEC se a considerar inadequada, diz Motta

O presidente da Câmara dos Deputados afirmou nesta segunda-feira 22 que a Proposta de Emenda à Constituição conhecida como “PEC da Blindagem” foi alvo de distorções e que, se o Senado considerar que o projeto não deve avançar, cabe à Casa arquivá-lo.

“Ver toda essa discussão ser distorcida, ‘PEC da Blindagem, PEC disso e daquilo’, não é correto. Enquanto presidente da Câmara, respeito a posição que o Senado vai ter em relação à PEC. É um dever do Senado. Se o Senado achar que a PEC não é interessante, que vote contra, arquive”, declarou.

Segundo Motta, a proposta não tem o objetivo de proteger parlamentares de processos judiciais, mas de garantir prerrogativas constitucionais dos mandatos, que, segundo ele, têm sido atingidas por decisões do Judiciário.

“Desde a aprovação da Constituição, em 1988, nenhum Poder, a não ser o Legislativo, abriu mão de suas prerrogativas. Nem o Poder Executivo nem o Judiciário abriram mão. Com razão. O Poder Legislativo abriu mão, sim, do texto constitucional originário, por um fato pontual, foi ali no ano de 2001, que decidiu mudar o modelo de autorização para sustação da ação penal.”

Votações

As votações da última semana foram parte de um acordo articulado por Motta com bolsonaristas e o Centrão. Em agosto, os dois grupos se uniram e chegaram a tomar as mesas diretoras da Câmara e do Senado em protesto contra a prisão de Bolsonaro. Para conter a crise, Motta contou com a intervenção do ex-presidente da Câmara e líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), que atuou como fiador do seu mandato.

O Centrão pressiona pela aprovação da PEC da Blindagem como forma de tentar barrar investigações contra mais de 80 parlamentares no Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente aquelas ligadas à liberação de emendas. Já os bolsonaristas priorizam a aprovação da anistia a Bolsonaro.

Com a união de forças, os dois grupos conseguiram avançar as duas pautas na Câmara na semana passada. Durante o evento, Motta voltou a defender o projeto de anistia, apesar da repercussão negativa.

“É uma saída possível dentro das nossas regras legais, reconhecendo o papel de cada um na sua responsabilidade, o Poder Judiciário, Legislativo e Executivo”, disse.

Ele disse não conhecer ainda o texto do relator, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), mas sinalizou que o conteúdo caminha em direção a uma proposta legalmente viável, sem deixar de punir os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

“O que a Câmara quer construir é dentro das regras legais do país, reconhecendo o papel que o Supremo cumpriu naquele episódio triste que foi 8 de janeiro, procurando, sim, imputar aquelas pessoas que foram lá quebrar, depredar, pessoas que armaram, por exemplo, planos para matar pessoas”.