O deputado estadual Gustavo Fernandes (PMDB) acredita que ainda há chance de manutenção da aliança do partido com o governo Rosalba Ciarlini (DEM), bastando, para tanto, que o governo tenha interesse. “O que a gente tem reclamado é que o governo tem conversado pouco com a base aliada, não só com o PMDB, e tem nos escutado pouco. E isso cria certa desconfiança de que a gente começa a pensar se está sendo útil ou não. Então, o PMDB ainda é da base aliada e poderá permanecer ou não, vai depender do interesse do governo”, declarou o peemedebista. Confira trechos de sua entrevista hoje ao Jornal da Cidade, da FM 94.
Qual avaliação o senhor faz dos resultados das urnas, com foco em 2014?

O PMDB foi o partido que mais fez eleitos no RN. Fizemos 52 prefeitos, mais de 30 vice-prefeitos, mais de 300 vereadores e o PMDB do RN foi o PMDB que mais cresceu proporcionalmente no Brasil. Isso, com certeza, fortalece muito para 2014. A gente acredita que o PMDB vai ter uma posição fundamental daqui para lá. Começam-se já a se criar algumas expectativas em nome de candidatura própria, que poderá acontecer ou não.
Por exemplo?
Isso é uma coisa que será discutida. Nós temos aí, e isso é uma coisa que eu tenho dito na imprensa, até disse em entrevista no Jornal de Hoje, que Garibaldi e Henrique são nomes que, com certeza, podem vir a ser lembrados para disputar o Governo do Estado, pela experiência, pela bagagem e pela força política que hoje eles têm no cenário federal.
Mas o ministro Garibaldi já disse que não coloca o nome à disposição.
O ministro Garibaldi tem dito isso, mas ele sempre foi muito receptivo ao apelo popular. Se começar um apelo popular em relação a isso, pode ser que ele talvez reverta o posicionamento, mas, como eu disse, não estamos lançando candidatura nenhuma; as coisas ainda estão para acontecer. O PMDB tinha duas metas para esse final de ano e começo de ano, que eram: o fortalecimento do partido; conseguimos. Como eu disse, o PMDB foi o partido que mais cresceu no Brasil. E o nosso segundo passo: em fevereiro, dia primeiro, a possível – e a gente espera que até o RN tenha muito a ganhar com isso – eleição de Henrique Eduardo Alves para presidente da Câmara dos Deputados. Isso vai engrandecer muito, pois ele será o terceiro homem na linha de sucessão. Na ausência da presidenta Dilma e do vice-presidente Michel Temer, Henrique poderá até assumir a Presidência do Brasil, caso seja presidente da Câmara. Então, acho que é muito importante para o cenário do RN e isso é o que foca o PMDB nesse momento.
Também tem a questão da visibilidade do cargo de presidente da Câmara. Será que ele visaria, como presidente da Câmara, ter essa visibilidade? Talvez isso o credencie e o viabilize a disputar o Governo do Estado pelo PMDB?
Pode o credenciar sim, mas Henrique é muito pé no chão nas suas decisões e eu tenho certeza de que ele vai estar lá com o pensamento de fazer uma boa gestão, depois de seus 11 mandatos de deputado federal. No meu ponto der vista ele vai com esse pensamento. Eu não acredito que ele vá com o pensamento de galgar candidatura a Governo; não. Com certeza não. Ele vai para fazer um bom serviço pelos seus mais de 40 anos que está naquela casa.
E essa possibilidade de afastamento com o DEM? Pode acontecer o contrário e o PMDB venha a ter uma participação maior no Governo de Rosalba, apesar do recado dado na semana passada pelo ministro da Educação, Aloísio Mercadante, quando disse que queria ver o PMDB junto com o PT nas eleições de 2014?
Vocês sabem que o PMDB, na campanha que passou, que elegeu a governadora Rosalba, ele não votou 100% nela. Eu fui candidato a deputado estadual e não votei na governadora. Alguns outros candidatos a deputados, e até que se elegeram, também não votaram. Quem votou foi o deputado Walter, o ex-governador e senador Garibaldi e depois das eleições o deputado Henrique juntou a cúpula e nós achamos que poderíamos, mesmo aqueles que não tinham votado, nos unir e ajudar o Governo. O que a gente tem reclamado é que o Governo tem conversado pouco com a base aliada, não só com o PMDB, e tem nos escutado pouco. E isso cria uma certa desconfiança de que a gente começa a pensar se está sendo útil ou não. Então, o PMDB ainda é da base aliada e poderá permanecer ou não, vai depender do interesse do Governo do Estado que o PMDB possa ajudar. Se isso vier a acontecer, o PMDB quer ajudar, porque nós não estamos aqui pedindo mais cargos, nós não estamos pedindo espaço, nós estamos pedindo agilidade e governabilidade.
Qual a sua posição sobre esse assunto? Já tem definida?
Ainda não. Eu acho que nós precisamos conversar. Tá faltando diálogo e com diálogo é que se acertam os pontos.