09/11/2023 | 05:00
Os últimos movimentos da política de Natal fortaleceram Carlos Eduardo. E isto não acontece apenas pelo fato de o ex-prefeito liderar as pesquisas de intenção de voto. A questão é relacional e cabe pensar cada uma das peças do tabuleiro.
O prefeito de Natal, Álvaro Dias, caiu em sua avaliação positiva no segundo mandato. Quem o compra como aquele que se elegeu em primeiro turno na eleição anterior compara banana com maçã. A aprovação em patamar de 40% é insuficiente para fazer sucessor com força única e, portanto, sem depender de mais ninguém.
Ele ainda é um eleitor importante na capital e sua recente aproximação de Lula, com muitas críticas ao líder do bolsonarismo no RN Rogério Marinho, em face de necessitar de recursos para finalizar o seu mandato com obras realizadas, retira-lhe a possibilidade de liderar um bloco de oposição ao PT em 2026. Desta maneira, a aproximação com Carlos Eduardo, que está no PSD da base do atual presidente, fica mais tangível.
A candidatura do deputado Paulinho Freire não avança. Ele tem o apoio dos vereadores de Natal. Só que não é suficiente para se tornar prefeito. O problema de Freire é de posicionamento. Não dele em especial. Ele é um político qualificado. Só que está sendo imprensado por um público que é do PT, outro que olha para o retorno a uma normalidade do tempo de Carlos Eduardo e um restante que ainda não tomou posição, mas não foi para ele. Ele não tem chão em 2024 em Natal.
Rafael Motta, ex-deputado federal, também apresenta dificuldades para crescer e há, assim como Freire, problema de posicionamento, além da falta da musculatura política de um grupo que lhe dê suporte. Daí a dependência de ser adotado por alguém como candidato. Se Álvaro Dias não o carregar debaixo do braço, seu desejo de ser candidato vira conto de fadas.
E uma postulação bolsonarista? Um grupo se formou a partir do senador Rogério Marinho, líder da extrema direita no RN. Ora, não há espaço em Natal para tanto. Caso aconteça, pode passar dos dois dígitos, mas não há plataforma para levar o pleito.
Resta o Partido dos Trabalhadores. Até agora o PT em Natal não apresenta sinais de que irá ultrapassar seu público histórico na capital. A deputada federal Natália Bonavides mantém uma postulação morna, com baixa movimentação e sem a disposição de correr o risco de dialogar com outras forças locais.
A “lei da gravidade” da política vai por enquanto pendendo para Carlos Eduardo. O poder de atração da perspectiva de vitória permite que ele abra diálogo com outros partidos e saia do seu anterior isolamento.
O que é preciso se desenrolar até o pleito de 2024? Tirando o acaso incontrolável, cabe aguardar o modo como estará os governos do RN e federal durante o período de campanha. Mas sempre lembrando – a eleição municipal, com o perdão da redundância, é fenômeno local. E ainda há um ano até a disputa de fato acontecer. Vale, em suma, aguardar e conferir.
*Daniel Menezes é cientista político, professor da UFRN