26/12/2020 | 16:10
A epidemiologista Ethel Maciel, uma das pesquisadoras citadas no Plano de Imunização do Governo Federal, conversou com a CNN sobre o avanço das aprovações das vacinas ao redor do mundo e sobre a situação do Brasil em relação às liberações.
Maciel considera decepcionante o Brasil ter um programa de imunização reconhecido internacionalmente e ainda não ter conseguido aprovar nenhuma vacina internamente. “Não importa muito termos a vacina, o importante é termos pessoas vacinadas”, afirma.
Ela diz que uma convenção mencionada pelo presidente Jair Bolsonaro, de que as pessoas que assinarem um termo de responsabilidade ao tomar a vacina, causa estranheza. “Nenhuma empresa pode impedir que as pessoas que se sentem lesadas de alguma forma possam entrar na Justiça. Isso é um direito constitucional. Não pode haver essa cláusula de barreira ”. Ela ressalta que em nenhum outro país do mundo, onde a vacinação já começou, a medida foi adotada.
Em uma saída neste sábado 26 do Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro afirmou à imprensa que já assinou a MP de R $ 20 bilhões para compra da vacina e complementou: “Entre eu e a vacina tem uma tal de Anvisa, que eu respeito e alguns não querem respeitar. “
Sobre esta fala, Maciel afirma que o governo brasileiro precisa agir de maneira efetiva em relação aos fabricantes de vacinas para que eles se interessem em depositar na agência regulatória do país os documentos descontados.
A respeito da Anvisa, ela diz que a agência está correta em ter que cumprir o papel dela. “Ninguém quer nenhum medicamento ou vacina que não passe por todas as provações da Anvisa, mas o governo precisa abrir estas meninas, o que não aconteceu até este momento”.
A pesquisadora comentou, também, a respeito do atraso na divulgação dos resultados finais da Coronavac pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. O governo de São Paulo vem adiando essa apresentação, o que tem prioridade sobre a população apreensiva. Ethel Maciel diz que esta é uma situação frustrante, já que todos estavam esperando os resultados de eficácia, mas que a decepção não é com a vacina, e sim com esse adiamento.
“Muitas coisas podem acontecer em um ensaio clínico de fase 3 que precisam ser melhor analisadas. Nesse momento, a gente precisa tranquilizar as pessoas porque isso é comum ”, diz.