Há dez dias, uma pequena distância separa dezenas de caminhões de ajuda humanitária, carregados com alimentos, água e remédios, das pessoas que aguardam desesperadamente por esses recursos na Faixa de Gaza. Contudo, a entrada dessa ajuda tem sido obstaculizada pela complexidade da situação e negociações em curso.
Mais de 100 caminhões, enviados por diversos países e organizações de caridade, permanecem parados, aguardando a autorização para cruzar a passagem de Rafah, na fronteira entre o Egito e o sul da Faixa de Gaza, enquanto autoridades israelenses, americanas e egípcias buscam uma solução.
Após o ataque massivo do grupo Hamas a Israel, ocorrido no último dia 7 e que resultou em centenas de mortes, Israel implementou um bloqueio total no território palestino, interrompendo o fornecimento de água, comida, combustível e eletricidade. Como resultado, a situação dos mais de 2,3 milhões de palestinos em Gaza vem se deteriorando rapidamente.
Marwan Jilani, diretor geral da organização Crescente Vermelho para a Palestina, expressou preocupação com a violação do direito humanitário internacional, que proíbe o uso de ajuda humanitária como instrumento de guerra. “Você não pode privar toda uma população de alimentos ou água por motivos políticos ou militares”, afirmou à emissora Al Jazeera.
Segundo as Nações Unidas, o cenário é devastador: falta de eletricidade desde o dia 11, crescente insegurança alimentar e um sistema de saúde beirando o colapso. Agências da ONU alertaram que há apenas comida suficiente para menos de uma semana, a usina de dessalinização de água foi desativada, aumentando os riscos de mortes por desidratação e doenças relacionadas à ingestão de água contaminada.
Após a explosão de um hospital em Gaza City e os contínuos ataques de Israel, protestos eclodiram em várias partes do Oriente Médio. Há uma crescente preocupação internacional de que o conflito possa se ampliar para uma guerra regional.
Na quarta-feira (18), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, assegurou que seu país não impediria a entrada de alimentos, remédios e água do Egito, desde que esses recursos fossem destinados à população civil palestina e não aos militantes do Hamas. O comunicado não mencionou o fornecimento de combustível, necessário para manter os geradores dos hospitais em funcionamento.
Também na quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou que o Egito havia concordado em abrir a passagem de Rafah para a entrada inicial de 20 caminhões. Espera-se que esses caminhões possam cruzar a fronteira a partir de sexta-feira (20), embora o horário exato não tenha sido especificado pelo canal estatal egípcio.
Com informações do G1-RN