Um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) identificou as profissões com carteira assinada que mais têm gerado desinteresse da população nos últimos cinco anos. Motorista de ônibus urbano lidera esse ranking. Outras ocupações indesejadas incluem aquelas com salários baixos, pouca qualificação (exceto professores) e uso limitado de tecnologia.
A profissão de costureira, que tem uma tradição histórica no RN, aparece duas vezes no ranking das ocupações menos desejadas, tanto para aquelas que operam máquinas de confecção em série quanto para as que utilizam máquinas de acabamento (overlock).
Especializada em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela UFRN, com atuação de 10 anos em Gestão dos Processos da Área de Recursos Humanos, Manuelloe Flor confirma que tem notado esse movimento no RN a partir de seu trabalho de consultoria.
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“Nos últimos dois anos, como recrutadores, estamos encontrando muitas dificuldades em algumas vagas que lançamos. O mercado tem nos mostrado que existe uma escassez de candidatos para vagas operacionais de base, como motoristas, porteiros, costureiras, atendente de telemarketing, vendedores, entre outras profissões”, reconhece.
Ela atribui o cenário pós-pandemia, as novas formas de trabalho, o uso das tecnologias e a entrada das novas gerações no mercado de trabalho como algumas das razões que alavancam essas mudanças, impactando no cenário atual.
A pesquisa CNC, encomendada pelo jornal O Estado de São Paulo e divulgada nesta quarta-feira 30, identificou que as profissões menos prestigiadas estão frequentemente ligadas a trabalhos manuais que dependem da habilidade física e, por isso mesmo, enfrentam dificuldades para atrair trabalhadores, especialmente os mais jovens.
Nos últimos cinco anos, houve uma redução de 18,3 mil postos de trabalho para costureiras nessas funções, um número próximo ao dos motoristas de ônibus urbano (-20,2 mil), apesar dos aumentos salariais superiores a 30% no período, conforme aponta o estudo.