Os funcionários da unidade do Complexo Industrial Ford Nordeste, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, realizam, na manhã desta quarta-feira, 13, mais uma manifestação em resposta ao encerramento das atividades da montadora norte-americana no País – anunciado na segunda-feira, 11. Centenas de funcionários estão reunidos no pátio da Assembleia Legislativa da Bahia, no Centro Administrativo, na capital baiana. O grupo deve se reunir ainda nesta quarta com o presidente da casa, Nelson Leal.
A montadora, que já tinha encerrado, em 2019, a produção de caminhões em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, comunicou que vai fechar neste ano as demais fábricas no País: Camaçari, onde produz os modelos EcoSport e Ka; Taubaté (SP), que produz motores; e Horizonte (CE), onde são montados os jipes da marca Troller.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do município baiano, Júlio Bonfim, afirmou que a reunião que aconteceu na segunda com o governo não teve resultados práticos para os funcionários. “Foram discutidos investimentos. Claro que é importante pensar nisso, mas pensar na instalação de outra fábrica aqui, agora, é insignificante para a gente. Até pela complexidade que isso envolve”, disse.
Na terça-feira, 12, os funcionários permaneceram por cerca de quatro horas em assembleia no estacionamento da fábrica. Na região, 6 mil empregos diretos e indiretos devem ser fechados.
A planta da Ford na Bahia funcionava há 20 anos e, segundo funcionários, investiu em máquinas até as últimas semanas.
Em comunicado, a Ford informou que tomou a decisão após anos de perdas significativas no Brasil. A multinacional americana acrescenta que a pandemia agravou o quadro de ociosidade e redução de vendas na indústria. “A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, afirmou, em nota, Jim Farley, presidente da Ford.
A decisão da Ford de encerrar a produção no Brasil terá impacto financeiro de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas não recorrentes, conforme informação divulgada pela montadora no anúncio de fechamento das três fábricas no País.
Do total, cerca de US$ 2,5 bilhões terão impacto direto no caixa do grupo americano, sendo, em sua maioria, relacionados a compensações, rescisões, acordos e outros pagamentos. Outros US$ 1,6 bilhão decorrem de impacto contábil atribuído à baixa de créditos fiscais, depreciação acelerada e amortização de ativos fixos.