O Rio Grande do Norte vai manter o retorno das aulas presenciais das escolas estaduais na data de 1º de fevereiro, próxima segunda-feira. De acordo com a Secretária do Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (Seec), a última semana antes do retorno está sendo de reforço aos protocolos sanitários necessários para o retorno seguro às atividades presenciais, e há uma reunião com os gestores de Natal marcada para quinta, 28.
No entanto, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN (Sinte), uma greve pode ser iniciada caso o retorno aconteça de forma híbrida, como promete o governo estadual.
Ainda segundo a Seec, no primeiro momento, apenas 30% dos estudantes terão aulas presenciais, e os critérios e organização dos alunos será de responsabilidade das próprias escolas. Apenas as unidades que estejam com todos os protocolos de biossegurança adotados retornarão dentro de etapas.
O Agora RN visitou novamente a Escola Estadual Augusto Severo, na Zona Leste da capital potiguar, para verificar se havia alguma mudança em relação ao início do mês, quando foi verificado que o ambiente não estava preparado para o retorno.
A diretora Fátima Oliveira, que deu entrevista à reportagem anteriormente, está afastada do trabalho por suspeita de Covid-19. Por telefone, ela disse que “a situação ainda é a mesma, estamos no marca-passo”.
O vice-diretor da mesma escola, Dalton Medeiros, acredita que é improvável o retorno das aulas, e que a escola ainda não recebeu nenhuma parcela do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), recurso destinado para a compra de itens essenciais para o protocolo sanitário recomendado durante a pandemia da Covid-19. Segundo a Seec, já foram repassadas duas parcelas do PDDE às escolas que estão em dia com a prestação de contas.
“Nós não estamos nos furtando da nossa responsabilidade. Nós queremos reabrir as escolas, mas desde que tenha condições adequadas para voltar”, relatou o vice-diretor.
O coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN (SINTE), José Teixeira, afirmou que houve uma audiência com a Seec na tarde desta terça-feira 26 para discutir o retorno presencial. Segundo ele, a pasta defende a retomada de forma híbrida.
Já o sindicato quer o retorno de remoto, dado o cenário local da pandemia. De acordo com ele, no dia 3 de fevereiro, haverá uma assembleia para decidir sobre o indicativo de greve, caso a retomada aconteça realmente de maneira híbrida.
“Temos plena certeza de que não há segurança para o início das aulas presenciais de forma híbrida. Reafirmamos a nossa posição de não iniciar o ano letivo sem a imunização, principalmente da nossa categoria, que tem uma grande parcela pertencente ao grupo de risco, levando em conta a idade e ainda uma parcela significativa com comorbidades”.
O representante do sindicato ainda afirmou que pretende manter conversa com a base. “Caso escutem a voz da direção, nós estamos prontos para deflagrar greve por tempo indeterminado se a secretaria mantiver a decisão de iniciar as aulas presenciais mesmo de forma híbrida. Os estudantes, na sua maioria, podem contrair o vírus e permanecerem assintomáticos, levando risco total para os docentes”, disse José Teixeira.
Secretarias municipais e escolas se planejam para retorno
Um levantamento feito pela União dos Dirigentes Municipais de Educação do Rio Grande do Norte (Undime-RN), mostra que as Secretarias Municipais de Educação planejam a retornada das aulas a partir do dia 01 de fevereiro.
De acordo com o levantamento, realizado entre os dias 18 e 22 de janeiro de 2021, 105 cidades devem retornar as atividades de forma gradual utilizando a estratégia híbrida, outros 60 municípios de forma remota e dois municípios, não se posicionaram, ainda, sobre o calendário escolar, são eles Natal e São Pedro.
Desde o dia 18 de março que as escolas de todo Rio Grande do Norte estão fechadas para atendimento presencial aos estudantes. As secretarias e as escolas adotaram várias estratégias para manter o contato com a comunidade escolar, sendo utilizadas desde estratégias com uso de tecnologia digital a materiais impressos entregues nas unidades de ensino, bem como nas residências.
No fim de 2020, as cidades de Luís Gomes e Major Sales implementaram as atividades híbridas com estudantes do 9º ano. As ações no território atenderam aos estudantes de forma escalonada, seguindo os protocolos de biossegurança.
Segundo o presidente da Undime-RN e Dirigente Municipal de Educação de Monte Alegre, os Dirigentes Municipais de Educação, tem se mobilizado na consolidação dos protocolos de retorno no que se direciona as “Diretrizes para retomada das atividades escolares nos sistemas estadual e municipal de ensino do Rio Grande do Norte”, apresentado pelo Comitê de Educação para Gestão das Ações de Combate à Pandemia da COVID-19, em setembro do ano passado, o qual a seccional é membro.
O documento foi aprovado pelo Comitê de Especialistas organizado pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP/RN) para o enfrentamento da pandemia pela COVID-19, sendo referência para as intuições públicas e privadas de todo o RN.
“Quando falamos em retorno as aulas, cria-se ainda uma instabilidade, uma insegurança, porque envolve vida. É natural que esse sentimento ocorra, mas é importante também, que o dirigente, ocupante de um cargo público planeje, articule as ações necessárias para implementação do retorno, seja híbrido, remoto ou presencial. Para isso as escolas precisam estar dotadas de instrumentos que possibilitem mais segurança, não só aos estudantes, como a todos os profissionais. A educação tem sido penalizada durante essa pandemia e sofreremos por longos anos os resultados dela, no entanto os profissionais não pararam, porém precisaremos de longos anos para minimizar uma grande vala que se estendeu, que se chama: desigualdade social”, afirma o professor, Alexandre Soares.
A expectativa com base no levantamento é de que até março, todas as escolas estejam funcionando de acordo com a realidade epidemiológica. “Temos orientado as Secretarias Municipais a permanecerem em um diálogo com a comunidade escolar, para apresentação do plano, das condições das escolas, como também, com o Conselho Municipal de Educação e o comitê local de enfrentamento a pandemia. É um trabalho intersetorial que envolve vários atores. E nesse momento precisaremos de mais esforços e apoio para o retorno”, diz.
Recuperação
No retorno para a conclusão do ano letivo de 2020, ou início do ano letivo de 2021, as escolas públicas de todo o Rio Grande do Norte devem realizar avaliação diagnóstica dos estudantes e planejarem as estratégias pedagógicas de acordo com as especificidades.
Vacinação
Undime-RN solicitou em janeiro ao Governo do RN inclusão de profissionais da educação no grupo prioritário de vacina contra a Covid-19. A seccional encaminhou a governadora Fátima Bezerra (PT), ao Cipriano Maia de Vasconcelos, atual secretário da Saúde Pública do RN e ao secretário de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer, Getúlio Marques Ferreira, ofício reforçando a necessidade de inclusão dos profissionais da educação no grupo prioritário de vacinação.