16/01/2020 | 23:00
Antônio Delfim Neto, de longeva trajetória e experiência acumuladas desde o regime militar, no esplendor de seus 92 anos, costuma dizer que, na vida, prazo é tudo.
Quer dizer, a crise de hoje pode se transformar na redenção de amanhã, desde que se tenha habilidade e inteligência para contornar os problemas mais urgentes, enquanto se ganha tempo para resolvê-los ou mitigar suas consequências.
A governara Fátima Bezerra, cuja experiência parlamentar é inquestionável, está aprendendo a duras penas que, diferentemente do que acontece no parlamento, a vida na administração pública nem sempre funciona só com elogios, risadas e tapinhas nas costas na hora do cafezinho.
Às vezes, é necessário um ambiente pragmático na relação com os auxiliares no sentido que medidas anunciadas se concretizem, já que ao Estado não cabem as mesmas e generosas condições dadas ao governo federal, de recuar e retroagir de anúncios ou declarações.
Quando não se tem certeza do desfecho da história, convém manter sob controle o entusiasmo do anúncio. E nem é preciso dizer aqui do que se trata.
Adiantar, por exemplo, que haverá pagamentos de retroativo da folha do funcionalismo sem a certeza absoluta da concretização é o mesmo que afundar o dedo numa ferida aberta.
Numa corrida de longa distância, é preciso disciplinar o ritmo e a respiração.
Desde o início da gestão, Fátima tem dado notáveis exemplo de como manter uma equipe unida, usando para isso a experiência de anos que ela tem nas relações parlamentares, nas quais as brigas de plenário quase nunca têm a ver com a confraternização do cafezinho.
Com Fátima, a lógica aqui é reversa: por mais que haja divergências internas, a governadora sempre será o ponto de união, e não de inflexão. Prova disso são as reiteradas demonstrações públicas de apreço dela em relação a seus auxiliares.
O problema é que isso, por si só, já não basta.