De Mossoró para o mundo, Patricio Freire, mais conhecido como Patricio Pitbull, levou o nome do Rio Grande do Norte para o topo do MMA mundial. Desde 2010 em uma das maiores franquias de artes marciais mistas do planeta, o evento americano Bellator, Pitbull segue fazendo história e batendo recordes. Atualmente ele é campeão de duas categorias na organização: dos pesos pena (categoria com limite de até 65 quilos) e leve (categoria de até 70 quilos).
O atleta de 33 anos ostenta um cartel invejável com 31 triunfos e 4 derrotas. Apesar de ter dois cinturões em casa, recentemente o potiguar desafiou o dono do título da categoria dos penas do UFC, o australiano Alexander Volkanovski. Em entrevista ao Agora RN o atleta falou sobre seus planos para o futuro.
Pitbull enfrentaria no dia 13 de março o português falastrão Pedro Carvalho, mas o embate foi cancelado às pressas no dia da luta devido à pandemia do novo coronavírus. Patricio precisou mudar seus treinos para continuar ativo e manter o condicionamento físico durante a quarentena. Apesar de algumas complicações no início, o lutador conseguiu manter a rotina.
“Tivemos que fazer algumas adaptações, nas primeiras semanas da pandemia treinava em casa, depois foi tudo tranquilo. Tivemos os cuidados necessários para ninguém se contaminar, separamos os parceiros de treino, tudo como manda o protocolo”, disse o potiguar.
Conhecido por possuir um poder de nocaute incomum para sua categoria, além de um jiu-jitsu afiado, Patricio sempre busca estudar bastante seus adversários antes das lutas, e com o português não foi diferente. O embate contra Pedro Carvalho aconteceu então em 12 de novembro. Carvalho, é inclusive, companheiro de academia de uma figura conhecida dos brasileiros: o irlandês Conor McGregor. O português não durou muito, acabou sendo nocauteado com um cruzado de esquerda aos 2 minutos e 10 segundos do primeiro round. Confiante, Pitbull fez até uma previsão de como iria vencer Carvalho.
“Eu errei na previsão. Falei para ele que ia vencer por finalização em 2 minutos, acabei vencendo por nocaute com 2 minutos e 10 segundos. Brincadeiras à parte, sempre me preparo para uma guerra, mas o objetivo é acabar com a luta o mais rápido possível. Vi as brechas e aproveitei”, relatou o atleta.
O combate era válido pelas quartas de final do GP dos penas do Bellator. O GP é uma competição na qual os atletas de uma mesma categoria da franquia se enfrentam para ter a chance de disputar o título da divisão. Pitbull entrou no torneio mesmo já sendo o campeão da categoria. Agora classificado para a semifinal, ele irá enfrentar o americano Emmanuel Sanchez, os dois já lutaram em 2018 e o brasileiro saiu com a vitória. Se conseguir vencer o GP, Patricio leva para casa 1 milhão de dólares (cerca de 5,4 milhões de reais).
Mesmo com 2 títulos, Pitbull quer chegar mais longe e conquistar outro cinturão na franquia, cravando um novo recorde. Agora ele mira na divisão dos galos (categoria de limite de até 61 quilos), cujo título pertence ao americano Juan Archuleta.
“Eu gostaria de lutar pelo cinturão da categoria dos galos e ser o único campeão simultâneo de três categorias na história do esporte. Mas com todo o atraso causado pela pandemia, não sei se vai fazer sentido para a organização agora. Vamos ver quando o GP acabar”, disse Patricio.
Patrício quer ir além do cage circular do Bellator, o atleta desafiou recentemente o campeão do peso pena do UFC, o australiano Alexander Volkanovski. Lutas entre atletas de organizações diferentes é comum dentro do boxe. Em 2017, o UFC se aventurou a fazer algo parecido e promoveu uma luta de boxe entre o lutador de MMA Conor McGregor e o ex-campeão da nobre arte, Floyd Mayweather. Por enquanto, o UFC não demonstrou interesse em realizar o evento com uma outra franquia de MMA.
“O UFC não tem coragem de fazer essa luta. Da parte do Bellator, eles dariam o ok sem pestanejar. Mas o futuro a Deus pertence. Quem sabe o cenário muda”, disse Pitbull.
Por hora, Patricio pretende defender o título dos leves ao menos uma vez antes de deixá-lo vago. A divisão é a mesma de seu irmão mais velho Patricky Pitbull, que vem subindo dentro da categoria e não tarda a se classificar para disputar o título. Como não quer lutar contra o irmão, Patrício vai deixar o cinturão e seguir na sua divisão de origem, a dos penas, onde é absoluto.
Títulos e recordes
Dentro dos recordes alcançados, Patricio marca 9 vitórias em lutas que valem cinturão na organização, são 8 em duelos do peso pena e uma vitória na única vez que disputou o cinturão dos leves. O potiguar também está há 4 anos sem perder, sua última derrota foi em agosto de 2016, para o americano e ex-campeão do UFC, Ben Henderson.
Pitbull conquistou o título dos penas pela primeira vez em setembro de 2014, quando venceu o americano Pat Curran por decisão unânime dos juízes. O lutador defendeu o cinturão por duas vezes até perder por decisão em novembro de 2015 para um velho conhecido, o americano Daniel Straus. Os dois já haviam se enfrentado duas vezes, em maio de 2011 e em janeiro de 2015, e o potiguar tinha levado a melhor nos dois embates.
Em 2017, o brasileiro voltou a bater de frente com Straus e conseguiu finalizar o adversário com um golpe de jiu-jitsu, a chamada guilhotina, trazendo o título de volta para casa. Após defender o cinturão dos penas duas vezes, Pitbull partiu para um novo desafio, foi para uma categoria mais pesada, a dos leves, que é inclusive a divisão do seu irmão mais velho, Patricky Pitbull.
Em 11 de maio de 2019 em Rosemont nos Estados Unidos, o potiguar enfrentou o campeão dos leves, o americano Michael Chandler. Patricio precisou apenas de 1 minuto e 1 segundo para nocautear o adversário, se tornando o segundo atleta da franquia a ter dois títulos simultaneamente. O primeiro foi o americano Ryan Bader que era dono do cinturão dos meio-pesados e dos pesos pesados, porém perdeu o título dos meio-pesados em agosto deste ano. Portanto, agora Pitbull é o único atleta do Bellator a ter 2 cinturões.
Confira a entrevista completa:
Queria saber sobre a sua preparação para essa última luta, ela foi remarcada por causa da pandemia, como foi isso?
Patricio: O evento foi cancelado no dia da luta. Temos que nos adaptar com a pandemia e foi complicado no início, mas tudo correu bem.
Você conseguiu manter a rotina durante os primeiros meses de quarentena? Teve que adaptar algo?
Patricio: Tivemos que fazer algumas adaptações, nas primeiras semanas da pandemia treinava em casa, depois foi tudo tranquilo. Tivemos os cuidados necessários para ninguém se contaminar, separamos os parceiros de treino, tudo como manda o protocolo.
Sobre a luta com o português, você conseguiu terminar bem rápido, qual foi a sua estratégia?
Patricio: Eu errei na previsão. Falei para ele que ia vencer por finalização em 2 minutos, acabei vencendo por nocaute com 2 minutos e 10 segundos. Brincadeiras à parte, sempre me preparo para uma guerra, mas o objetivo é acabar com a luta o mais rápido possível. Vi as brechas e aproveitei.
Vencendo o GP dos penas, qual outro desafio que você gostaria de enfrentar?
Patricio: Eu gostaria de lutar pelo cinturão da categoria dos galos e ser o único campeão simultâneo de 3 categorias na história do esporte. Mas com todo o atraso causado pela pandemia, não sei se vai fazer sentido para a organização agora. Vamos ver quando o GP acabar.
Você pretende continuar nas duas divisões?
Patricio: Não. Eu gostaria de fazer uma defesa do cinturão do peso leve antes de abrir mão dele, mas minha categoria é a Pena. Meu irmão está qualificado para disputar o cinturão dos Leves e eu não lutarei contra ele, então nada mais justo que eu sair da categoria.
Você falou recentemente sobre a possibilidade de lutar com Alexander Volkanovski, existe essa possibilidade? O UFC demonstrou algum interesse?
Patricio: O UFC não tem coragem de fazer essa luta. Da parte do Bellator, eles dariam o ok sem pestanejar. Mas o futuro a Deus pertence. Quem sabe o cenário muda.