Uma das mais famosas expressões que correm nos fios da História é a famosa “Vitória de Pirro”. Trata-se da vitória do rei de Epiro e da Macedônia, famoso opositor da Roma imperial. Venceu a Batalha de Ásculo com 3 mil cavaleiros, 2 mil arqueiros, 500 fundeiros, 20 mil tropas de infantaria e 19 elefantes de guerra. Diante dos elogios, disse: “Mais uma vitória como esta e estou perdido.”
Marx disse que “A história se repete como tragédia e como farsa”. A tragédia de Pirro se repetiu como farsa e tragédia na eleição passada, quando Bolsonaro rasgou dinheiro e perdeu. Haddad afirma que Bolsonaro usou R$ 300 bilhões na tentativa de reverter o favoritismo de Lula. R$ 30 bilhões acabam de ser devolvidos aos estados pelo prejuízo na redução dos impostos estaduais dos combustíveis, como forma de frear a escalada insana dos preços nas bombas, comprovadamente desnecessários, pois agora os preços baixam sem alquimias fiscais. Haddad fala de R$ 300 bilhões. Valdemar, presidente do partido de Bolsonaro, confirma R$ 200 bilhões e a mídia internacional falava de US$ 68 bilhões. Pelo câmbio da época, R$ 364 bilhões. R$ 36 bilhões de aumentos em programas sociais, R$40 bilhões no orçamento secreto, afora convênios caça-níqueis, outros R$ 40 bilhões. Empréstimos para beneficiários do Bolsa Família, botando R$ 2 mil no bolso.
O fato é que o rombo no orçamento foi de quase R$ 1 trilhão. Afora a corrupção estrutural, como a ação cretina da PRF, cujas provas começam a aparecer a partir daqui. Perdeu a campanha perdulária. Ato contínuo perdeu a elegibilidade. Não perdeu o discurso, porque já não tinha, por ser discurso de ocasião, de fancaria, sem compromisso com os fatos. Jamais se verá uma análise honesta sobre um projeto do adversário, jamais se verá uma defesa de programa seu.
Sua vinda ao RN foi mais um espetáculo esdrúxulo de disputa interna, de autofagia grotesca, com pretensos candidatáveis se esfaqueando nos bastidores clamando pelo “direis uma palavra e serei salvo”. Apelos dramáticos para que Bolsonaro falasse em favor de algum nome que ainda tem quase um ano exposto a intempéries até a disputa. O eleitor que se espera ser tocado com a palavra mágica do “mito”, quando testado no Alecrim, recebeu-o a vaias.
Derrota pior que a de Bolsonaro foi a de Fábio Dantas, mas a borra da sua campanha disputa seu lugar e o apoio do rei derrotado. Pirro assustado com a possibilidade de outra vitória desastrosa descartava os pequenos reis que procuravam ajuda para novas guerras.
Pirro, que não era bobo, apesar de desastrado, fugia de outra vitória… Bolsonaro, mesmo sem poder sonhar com uma nova “Derrota de Pirro”, esquipa, enquanto seus acólitos brigam, para que ele entre em suas moradas, para salvá-los.