30/12/2020 | 06:26
Os deputados da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte fizeram um balanço da gestão Fátima Bezerra, após os primeiros anos da petista à frente do Executivo estadual. Os parlamentares comentaram ainda sobre a expectativa de governo para 2021. A Casa legislativa encerrou as atividades esta semana.
“A governadora nem sequer cumpriu a promessa que ela fez de colocar em dia os salários. Isso já desmoraliza todo o discurso dela. O governo não tem investido nada, nós vivemos um colapso total nas estradas. Na saúde, se não fosse a enxurrada de dinheiro que o governo federal mandou, nós estaríamos numa situação muito pior do que a Venezuela. Para 2021, a governadora está esperando um aumento das transferências federais em torno de 8%, mas isso é impossível. Teríamos que ter um crescimento do nível chinês e se o governo federal não controlar isso nós iremos virar uma Venezuela. Na Argentina nós já chegaremos no começo do ano”, analisa o deputado José Dias (PSDB).
Na economia, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Planejamento e Finanças do Rio Grande do Norte, projeta crescimento entre 2,5% e 3,5% para o Estado em 2021. A estimativa é baseada na retomada das atividades nos setores econômicos, que apresentam progresso desde agosto.
Ainda segundo o Executivo do RN, outro pilar de desenvolvimento será na área de segurança pública. O governo pretende manter o planejamento operacional, melhorar as forças de segurança, fortalecer a integração com instituições federais e promover novos concursos e cursos de formação.
Para a deputada Isolda Dantas (PT), a governadora conseguiu se desdobrar em meio a pandemia para continuar desenvolvendo uma gestão responsável.
“O próximo ano será de muita recuperação, a expectativa é que a gente possa construir mecanismos para superar os danos que foram causados em 2020 e vamos chegar em 2021 cheio de esperanças para construir um estado que possa oferecer cidadania a todas as pessoas. Sobre os dois anos de gestão, em 2019 foi um ano para reorganizar dívidas com servidores, fornecedores e com um déficit muito alto, que foi herança da gestão anterior. Em 2020 tínhamos uma expectativa muito boa, mas veio a pandemia. Mesmo assim, o governo montou uma estratégia muito eficiente de interiorização de atendimento nos hospitais regionais para salvar vidas”, comenta.
De acordo com Kelps Lima (Solidariedade), o governo Fátima cumpriu um importante papel ao tirar o poder “das mãos das oligarquias que transformaram o Rio Grande do Norte em um estado de baixa expectativa econômica”, mas fez críticas a agenda ideológica da governadora e acredita que o grande desafio do governo para 2021 será na educação.
“Fátima estabilizou o pagamento da folha salarial dos servidores, que é a matriz econômica do Estado, e isso lhe proporcionou governabilidade. Mas ela preferiu optar pela agenda ideológica do partido dela no lugar de construir um projeto econômico novo para o RN. Continuamos com a mesma rotina das agendas dos governos das oligarquias: máquina inchada, lenta e com foco mais para uma rotina partidária-ideológica. Em 2021, o governo precisará dar uma resposta à sociedade sobre a retomada das aulas na rede pública. Se falhar novamente em conseguir dar uma rotina sossegada às escolas, mesmo que seja de forma remota, será a prova de que 2020 foi um ano administrativamente perdido”, comenta Kelps.
Outro que reconhece as dificuldades enfrentadas por Fátima nos seus dois primeiros anos é o deputado Ubaldo Fernandes (PL). Para ele, problemas herdados de governos anteriores e a pandemia do coronavírus dificultaram a gestão da petista. Ubaldo acredita que o Estado alcançou ganhos na área de segurança pública, mas precisa avançar mais em outros setores.
“É preciso reconhecer que o governo assumiu o estado com quatro folhas em atraso e conseguiu pagar duas. Foram dois anos muito difíceis, até motivados por governos anteriores que deixaram o estado numa situação muito delicada. O estado acertou na reestruturação da segurança pública, que é uma área muito complicada. Agora esperamos uma fase de recuperação e que o governo possa dar prosseguimento na melhoria da malha viária, na gestão das crises hídricas e também na saúde, onde temos 18 mil cirurgias eletivas aguardando para serem feitas. Tudo isso são apenas críticas construtivas, no meu entender”, destacou Fernandes.