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Deputado critica ambientalistas e oposição ao Parque Linear: “Tudo no nosso estado é difícil”

Luiz Eduardo defende que rigidez ambiental impede obras e geração de empregos em Natal e freia desenvolvimento da cidade
Redação
15/10/2025 | 15:18

O deputado estadual Luiz Eduardo (Solidariedade) criticou a postura de órgãos e grupos ambientais que, segundo ele, têm impedido o avanço de obras estruturantes em Natal, entre elas o Parque Linear da Roberto Freire, projeto que considera essencial para oferecer lazer e qualidade de vida à população.

Em entrevista à rádio CBN Natal nesta quarta-feira 15, o deputado afirmou que o debate sobre o parque — assim como o da engorda da praia de Ponta Negra — foi contaminado por disputas políticas e resistência excessiva de ambientalistas a intervenções urbanas.

Deputado estadual Luiz Eduardo em entrevista à CBN Natal nesta quarta-feira - Foto: YouTube / Reprodução
Deputado estadual Luiz Eduardo em entrevista à CBN Natal nesta quarta-feira. Foto: YouTube / Reprodução

“Para fazer o Parque Linear, o que custa usar uma faixa ali e transplantar as árvores importantes? É uma infraestrutura importante, que vai ser usada para as crianças passearem. Qual o espaço grande que tem para as famílias usufruírem em Natal?”, questionou.

Segundo ele, a capital carece de locais adequados para o convívio das famílias e das crianças, e o projeto do parque poderia cumprir esse papel.

“Onde a criança vai andar de bicicleta? Onde a criança vai andar de patins? Onde a criança vai andar de skate? Cara, tem que ter atrativo para as famílias irem com as crianças. As crianças vivem presas dentro dos prédios, dentro dos seus apartamentos, dentro de condomínio, vidradas no telefone, vendo desenho, vendo não sei o quê, vendo YouTube. Não tem mais onde a criança jogar um futebol”, refletiu o parlamentar.

O projeto do parque linear, citado pelo deputado, foi anunciado em julho pela Prefeitura do Natal. A gestão municipal informou que tem a intenção de transformar uma fatia de 10 hectares do Parque das Dunas em um parque urbano ao longo da Avenida Roberto Freire, na Zona Sul da cidade.

O Conselho Gestor do Parque das Dunas, porém, criticou a proposta e disse que parte da área tem vegetação densa e é incompatível para receber equipamentos urbanos. Com isso, a sugestão é que o parque se concentre em uma faixa que vai da Comjol até a antiga UNP.

O parlamentar argumentou que a proposta enfrenta entraves “por motivos políticos”, e associou a situação à resistência que também marcou o debate sobre a engorda de Ponta Negra. “Tudo no nosso estado é difícil”, enfatizou Luiz Eduardo.

Na entrevista, o deputado, que é empresário do setor hoteleiro e ex-prefeito de Maxaranguape, sustentou que há excesso de rigidez nas análises ambientais que travam obras importantes. Ele defendeu que a preservação ambiental e o desenvolvimento urbano não são incompatíveis.

“Eu sou uma das pessoas que defendo muito o meio ambiente. Mas o meio ambiente tem que servir também ao ser humano. Se não servir o ser humano, preservar para quê?”, afirmou.

O deputado ainda comparou Natal e Rio Grande do Norte com cidades e estados vizinhos. “Nós estamos virando uma ilha. Você vai agora em João Pessoa, lá em Cabo Branco e estão lá construindo vários resorts. E aqui não acontece nada. O turista que veio para Natal vai voltar para cá por quê?”, destacou o parlamentar.

Segundo ele, é possível conciliar responsabilidade ambiental com intervenções estruturais que melhorem a vida da população. “Essa preservação é justamente para preservar para futuras gerações”, completou.

Engorda de Ponta Negra e emissário marinho

Luiz Eduardo classificou a engorda da Praia de Ponta Negra como uma obra “muito bem feita” e “preparada com o que há de melhor no mundo”, citando o uso de tecnologia holandesa. Ele rebateu críticas à obra feitas após alagamentos registrados na praia, e atribuiu o problema à drenagem antiga do bairro, que, segundo ele, precisa de solução definitiva.

“O pessoal fala que está alagando a praia e que antigamente não alagava. Lógico que não alagava, porque não tinha praia. A água batia no calçadão”, disse.

O parlamentar defendeu a execução de um emissário marinho como solução definitiva para o escoamento das águas pluviais. “Ponta Negra tem um problema de drenagem de muitos, muitos anos. Só vai resolver quando fizer um emissário marinho”, afirmou.

Ele citou exemplos de outras cidades que avançaram na infraestrutura costeira. “Ipanema tem, Copacabana tem”, disse, ao lembrar também que Maceió (AL) já conta com emissário desde a década de 1990.

Travamentos e insegurança jurídica

Na avaliação de Luiz Eduardo, a resistência de setores do Ministério Público e de parte do movimento ambientalista trava o desenvolvimento urbano e turístico de Natal. Ele mencionou que seu projeto para regulamentar e dar segurança jurídica a ocupações na Via Costeira — alinhado ao novo plano diretor da cidade — também enfrenta questionamentos, o que, em sua visão, impede a geração de empregos e o fortalecimento da economia local.

“Tudo no nosso estado é difícil. Eu questiono qual é a infraestrutura importante que o Estado fez nos últimos dez anos”, argumentou. “Tudo de infraestrutura no nosso Estado está parado”, declarou.

Ao citar a Via Costeira como exemplo, o deputado defendeu que novas construções e investimentos sejam feitos com estudos técnicos rigorosos, mas sem bloqueios injustificados. “No Plano Diretor, está lá explícito: qualquer empreendimento que fosse instalar na Via Costeira precisa fazer um dos estudos mais importantes no mundo de última geração, que é o EIA-Rima. Para poder instalar. E obrigatoriamente terá que fazer o enrocamento da praia.”

Para ele, o cumprimento dessas exigências já garante a responsabilidade ambiental necessária, e o problema passa a ser de natureza política e burocrática.

Desenvolvimento e emprego como prioridade

Luiz Eduardo defendeu que o emprego e a renda devem estar no centro das decisões sobre o uso do território. Ele afirmou que as obras travadas por disputas ideológicas ou ambientais acabam prejudicando diretamente as famílias potiguares.

“Tem que fazer a economia girar. O mercado de varejo é quem distribui os produtos industrializados. E a gente sabe que o que deixa mais impostos é produto industrializado. Hoje as pessoas não estão podendo nem vestir decentemente os seus filhos, porque não têm seus empregos, não têm nada.”

Para o deputado, o Rio Grande do Norte precisa de equilíbrio entre preservação e desenvolvimento, e as decisões sobre obras públicas não podem continuar “reféns de entraves políticos e ambientais”.

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