O deputado federal cassado Deltan Dallagnol publicou na manhã desta sexta-feira 3 um vídeo em rede social anunciando a desistência da pré-candidatura à Prefeitura de Curitiba. Ele afirma que a decisão foi tomada “depois de muita oração e de muita reflexão”.
Deltan teve o mandato cassado em maio do ano passado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por causa de alegada violação à Lei da Ficha Limpa. Os magistrados consideraram, por unanimidade, que houve fraude à legislação por ter se exonerado do Ministério Público antes do início de processos administrativos contra ele envolvendo a Lava Jato.
Em março, o ex-procurador disse que não considera que esteja inelegível para as eleições seguintes a partir daquela decisão —entendimento que foi criticado por especialistas em direito eleitoral. Ele afirmou ainda que, caso realmente se candidatasse, “alguém pode impugnar o registro, e isso vai ser discutido”.
No vídeo nesta sexta, Deltan diz que contribuirá “de forma mais ampla para renovação política, ajudando a formar e eleger bons candidatos Brasil afora”. Ele atua como “embaixador” do partido Novo em viagens pelo país para a formação de líderes visando as eleições deste ano e a do Congresso em 2026.
Segundo sua assessoria, ele iniciou um projeto-piloto chamado Força Tarefa para treinamento e mentoria recíproca de candidatos do Novo e viajou para cidades do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Rondônia, Mato Grosso, Amazonas, Pernambuco e Ceará nos últimos meses.
Deltan se colocava como pré-candidato e teve o nome testado pelo partido em pesquisas de intenção de voto para o cargo no pleito de outubro.
Ele afirma que aprendeu nos últimos anos que “uma andorinha não faz verão sem bando” e que são necessários “mais políticos que realmente nos representem e que empunhem a espada da justiça” para se dedicar a pensar “as melhores políticas e soluções” para os problemas do país. E aponta essa como a solução para o país “conseguir superar a corrupção, o desgoverno, a impunidade e os abusos”.
O ex-procurador ficou conhecido com a Operação Lava Jato, quando chefiou a força-tarefa no Ministério Público Federal em Curitiba. A operação, que completou dez anos em março passado, entrou em declínio a partir de 2018 em meio a contestações sobre os métodos adotados, como a manutenção de prisões antes de julgamentos e o uso em massa de delações premiadas. Em 2019, no episódio que ficou conhecido como Vaza Jato, diálogos expuseram a proximidade entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato.
Deltan saiu da Procuradoria e concorreu como deputado federal pelo Podemos, sendo o candidato mais votado para o cargo no Paraná em 2022.
Com informações da Folha de São Paulo