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Natal

Declínio comercial da Cidade Alta se agrava com fechamento da C&A

Comércio na Zona Leste de Natal acaba de perder megaloja; professora de economia acredita que há nova oportunidade de mercado para os pequenos negócios
Redação
15/03/2022 | 08:48

Grande loja varejista de roupas, a C&A fechou as portas da unidade localizada na Cidade Alta, na Zona Leste de Natal, na última sexta-feira 11. O bairro é um dos principais centros comerciais da cidade, com bom movimento de consumidores, e já foi destaque por atrair estabelecimentos de peso. A unidade da multinacional, no cruzamento da Avenida Rio Branco com a rua João Pessoa, teve um comunicado aos clientes fixado em uma parede.

A empresa afirmou que as lojas em shoppings como Midway Mall, Natal Shopping e Partage Norte Shopping continuam em funcionamento, além do e-commerce que atende todo território nacional, e prometeu que não haverá demissões. “Seguindo com sua responsabilidade, a empresa oferecerá todo o suporte necessário aos associados, além de remanejá-los para outras lojas da região”, diz a nota oficial da C&A.

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Empreendimento fechou as portas dia 11 passado, ratificando queda no comércio do Centro. Foto; Reprodução/Google Streets

A decisão de encerramento das atividades foi bastante comentada, tanto por internautas surpreendidos pela informação, quanto por especialistas em economia – que também foram pegos de surpresa com o anúncio. É o caso da professora da Estácio, Sarlyane Braga: ao Agora RN, ela pontuou questões positivas e negativas como repercussão do fechamento da megaloja, inaugurada na capital potiguar em 1994.

A professora de economia acredita que o fechamento da C&A é negativo para o centro comercial na Cidade Alta, mas o movimento pode gerar novas oportunidades dentro do mercado para impedir o enfraquecimento do comércio local. “Os pequenos estabelecimentos podem ampliar seus negócios, investir na área na qual a empresa maior fechou. As empresas devem perceber que é uma nova chance para atuação”, pontuou.

Para Sarlyane, a crise causada pela pandemia pode ter motivado a situação, já que o número de frequentadores da Cidade Alta diminuiu. “O centro não é tão frequentando quanto a gente gostaria que fosse. Quando algo fecha, a visibilidade diminui. No entanto, é necessário que os pequenos negócios abracem os consumidores que ainda visitam a Cidade Alta para que eles não mudem as compras para outros polos comerciais. ‘Fechou uma grande empresa na região? Vou tentar encontrar uma estratégia para sobreviver no mercado’. É assim que deve pensar o empreendedor neste momento”.

Sarlyane relembrou ainda a saída da Renner do bairro. “O que está acontecendo para que as empresas deixem a Cidade Alta? É a baixa clientela? Esse é um ponto que deve ser investigado. Se há outros polos que estão atraindo os consumidores, o que a Cidade Alta está fazendo de errado?”, questionou. Para ela, uma possível solução pode ser o investimento em divulgação. “Sempre se fala em fazer compras no Alecrim, talvez seja algo cultural. Porém, o poder público pode e deve investir em publicidade, em divulgação da Cidade Alta”.

Marcelo Queiroz, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), também analisa o lado negativo do fechamento da C&A e reconhece o crescimento de outros centros comerciais em Natal. “Infelizmente, a Cidade Alta vem passando por um duro processo de declínio comercial nos últimos anos, com a migração e até fechamento de estabelecimentos decorrente de uma série de fatores, entre eles as limitações do antigo Plano Diretor de Natal, diminuição do fluxo de residentes, crescimento de outros centros comerciais na cidade e a dura crise deflagrada pela pandemia”, disse.

A Fecomércio, em parceria com outras entidades, tem apoiado ações no bairro e trabalhado em um projeto de Revitalização da Ribeira e Cidade Alta, em conjunto com a Prefeitura do Natal. “Entendemos que, com o Novo Plano Diretor, há um grande potencial para resgate desta área que se torna mais atrativa para novos negócios e investimentos”, concluiu Marcelo Queiroz.

Grandes empresas foram as que mais demitiram em janeiro

Nos primeiros 30 dias de 2022, os estabelecimentos empresariais instalados em território potiguar realizaram 16.584 desligamentos. Somente as microempresas contrataram mais. As empresas de pequeno porte perderam 461 postos de trabalho, enquanto as médias, outros 842. As grandes empresas foram as recordistas em número de demissões, com 1.512 vagas encerradas, o que pesou no resultado total da geração de empregos no RN, contribuindo para o saldo total negativo, o pior resultado entre os estados do Nordeste. No mesmo período, foram 14.154 admissões.

As maiores perdas foram registradas nos setores da indústria, agropecuário e comércio, com baixas de 1.528 vagas, 1.323 postos de trabalho e 1.039 empregos, respectivamente. Os dados foram verificados através do Mapa do Emprego do RN, uma publicação elaborada mensalmente pelo Sebrae no Rio Grande do Norte. Vale ressaltar que o estado registrou 3.703 novas formalizações na categoria de Microempreendedor Individual (MEI) no primeiro bimestre do ano. Atualmente, o Rio Grande do Norte acumula um total de 167,1 mil empreendimentos enquadrados na categoria de MEI. Esse quantitativo é o quinto maior do Nordeste.

Vendas do varejo e postos de trabalho do RN apresentam queda

O IBGE divulgou os dados das vendas do Comércio Varejista Ampliado no mês de janeiro. O Rio Grande do Norte registrou uma retração de 5,9% sobre janeiro de 2021, fazendo este mês o pior janeiro para a vendas do comércio potiguar desde 2016 (-12,4%). O desempenho do RN foi o segundo pior do Nordeste e ficou abaixo também da média nacional (-1,5%). Com este resultado, as vendas do comércio no estado seguem em queda há sete meses. No acumulado dos últimos 12 meses, há um crescimento de 2,3%.

De acordo com análise do Instituto Fecomércio RN, uma combinação de indicadores refletiu negativamente no potencial de consumo dos potiguares. Entre os destaques, o diretor de Inovação e Competitividade da Federação, Luciano Kleiber, apontou o elevado percentual de desempregados (12,7% ou 194 mil pessoas); os altos índices de endividamento (90,7%) e inadimplência (40,8%) das famílias; redução da renda (-7,5% em um ano); e inflação em alta (10,06% no ano passado com algumas inflações específicas, como a da cesta básica, por exemplo, chegado a 20% no período).

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