Postagens nas redes sociais denunciaram que o jovem ativista, líder da Aliança Juvenil Libertária, R.R, de 15 anos, foi preso pelo regime cubano por convocar manifestantes para os protestos contra o governo que ocorreram na ilha na segunda-feira (15).
Segundo perfis de diversos ativistas e meios de comunicação locais, ele teria sido levado de sua escola pelo regime no dia seguinte, por volta das 11 da manhã, para um centro de detenção de menores em Matanzas, cidade cubana.
A última atualização no Twitter do jovem é do dia 15, quando ele relata ter sofrido ameaças por telefone de uma pessoa do regime cubano.
No dia da manifestação, o menino tentou ir ao ato, mas foi parado por policiais. O garoto relata em seu Twitter que, logo após ser impedido, recebeu uma ligação de um membro do Partido Comunista Cubano, avisando-o para que ficasse em casa e apagasse postagens referentes ao protesto, que ficou conhecido como 15N. Ele fez isso, mas em seguida sua mãe recebeu um telefonema da polícia.
Conhecido no Twitter como @lunáticodebates, R.R fez vários vídeos criticando a doutrinação nas escolas cubanas e o Decreto 35, que limita a liberdade de expressão nas redes sociais.
O nome do adolescente está em uma lista divulgada pelo jornal latino Infobae de 71 manifestantes detidos após as manifestações que ocorreram no início da semana.
Em contato com o Monitor7, a ONG de defesa de direitos humanos Cubalex informou que tentou há dias confirmar com os familiares de R.R a notícia de sua prisão, mas sem sucesso. Na visão do grupo, o “silêncio” se dá devido ao medo de represálias das autoridades.
Todavia, o movimento do qual o jovem fazia parte, Alianza Juvenil Libertaria (AJL), que se identifica como um grupo de “jovens libertários que lutam pelo sonho de uma Cuba livre”, confirmou via Twitter que o jovem está detido em um centro de detenção juvenil chamado Escuela de Formación Integral, comandado pelo Ministério do Interior cubano. Lá, o garoto tem direito a uma visita de parentes por semana. Há rumores de que ele teria sido obrigado a raspar a cabeça.
O episódio gerou comoção nas redes sociais dentro e fora de Cuba. Apoiadores do jovem levantaram a hashtag #freelunático e ativistas dos direitos humanos e oposicionistas ao regime cubano prestaram solidariedade.
De acordo com a Cubalex, R.R. foi autuado pelo Decreto-lei 64/1982, que estabelece a “reeducação” de jovens com transtornos de conduta e sociais e que apresentem alguma periculosidade. Segundo publicou o jornal El Nuevo Herald, as autoridades afirmaram à família que o rapaz ficará detido até dezembro, pelo menos.
Hoje, a mãe do adolescente concedeu entrevista a um jornal pró-regime cubano. Em um vídeo editado, ela confirmou a detenção do menor, mas disse que estava ciente dos fatos e que o menino foi “bem tratado”. Para a imprensa de oposição e grupos de direitos humanos, há indícios de que a mãe teria sido obrigada a gravar o vídeo e de que estaria nitidamente assustada. Entidades pedem que o menino venha a público mostrar que está bem de saúde. O jornal Periódico Girón não gravou nem registrou imagens do adolescente, que teria sido libertado ontem à noite. Veja as declarações da mãe abaixo:
Não é a primeira vez que a ditadura cubana prende politicamente menores de idade. Na onda de protestos de julho, o governo Díaz-Canel prendeu 1.175 pessoas, entre as quais um rapaz e uma moça, ambos com 17 anos. O rapaz está preso e não tem direito à visita de familiares. Já a menina cumpre oito meses de prisão domiciliar. Conforme relatório do Human Rights Watch, ela foi interrogada no meio da noite e forçada a ficar nua diante de policiais.
Portanto, é fato que o jovem de 15 anos foi detido por participar da organização de protestos em Cuba no último dia 15.