A presidência da COP30 divulgou nesta sexta-feira 21 um novo rascunho da decisão final da conferência. O texto retirou a proposta de criação de um plano de transição para a eliminação gradual do uso de combustíveis fósseis, que havia sido defendido por cerca de 80 países, segundo o governo brasileiro.
A exclusão gerou desconforto entre representantes desses países, que afirmam que o novo documento, ao mencionar apenas a necessidade de “uma economia de baixo carbono”, reduz a ambição climática e pode afetar o andamento das negociações em outras áreas.

A decisão foi tomada após críticas de nações fortemente dependentes da exploração de petróleo, gás e carvão. Esses países argumentaram que a proposta anterior colocava pressão excessiva sobre suas economias e pedia uma transição considerada, por eles, desproporcional.
O texto também recebeu críticas de organizações subnacionais. Mark Watts, diretor-executivo da rede C40 Cities, afirmou que o rascunho mais recente do chamado Belém Political Package demonstra falta de ambição em áreas centrais da agenda climática.
Segundo Watts, “os textos sugerem que várias partes estão tentando deixar o mutirão global em cinzas”. Ele afirma que não há avanço suficiente em combustíveis fósseis, transição justa e cooperação multinível. Para ele, “ainda é possível corrigir o rumo”, desde que a COP adote a visão brasileira de uma conferência voltada para implementação.
Além da disputa em torno dos combustíveis fósseis, seguem sem consenso temas como financiamento climático e regras para medidas comerciais unilaterais, conhecidas como “protecionismo verde”. Esses pontos ainda estão em debate entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.