Começo de ano é sempre igual. Muitas expectativas são criadas. E se você tem esperança de conseguir um bom emprego, fique atento para não vacilar no português. A seguir, uma listinha de frases e expressões que merecem bastante atenção:
Ele não se encontra no momento – Quem fala corretamente o idioma pode acreditar que a pessoa em questão está sofrendo de um temporário surto de desajuste emocional. Dizer simplesmente que “ele não está” pode evitar esses mal entendidos.
Enquanto mulher me sinto discriminada – O fator de discriminação deve ser o mau emprego da conjunção “enquanto”, que só tem conotação temporal. Melhor dizer: Na condição de mulher.
Vamos se encontrar– Impossível. A primeira pessoa do plural (nós vamos) nunca se encontra com a terceira do singular (se). Há que se dizer: Vamos nos encontrar.
Houveram muitos presentes – Quem está ausente é a concordância. Quando significa existir, o verbo haver é impessoal e não declina. Diz-se: “Houve muitos presentes”.
Segue anexo as faturas – Dupla falta. “Seguem anexas as faturas” é como deve ser.
Há quinze dias atrás – Ou um ou outro. “Quinze dias atrás” ou “há quinze dias”.
Repetir de ano – Aluno displicente repete o ano; o que é estudioso passa o ano.
Duzentas gramas de presunto – Se é para engolir, esteja certo: os duzentos gramas são bem mais digestíveis que as duzentas gramas. O grama (medida de peso); a grama (capim).
Ser de menor, ser de maior – Ninguém é de menor nem de maior. O importante é falar como gente grande: sou menor. Ou, então, como gente que entende: sou maior. Sou menor de idade; Sou maior de idade.
Fazem dez anos que casei – As pessoas felizes dizem e escrevem melhor: Faz dez anos que casei. O verbo fazer, em orações indicativas de tempo, não varia: faz vinte anos; fazia cem anos.
Será que ela já se acordou?– Se ela está dormindo, como é que pode acordar-se? Qualquer ser que durma apenas acorda. Será que ela já acordou?
Ela não quis vim – Ela não quis vir. Vim é forma do passado (eu vim aqui ontem); numa locução verbal, o último verbo deve vir no gerúndio ou no infinitivo.
Falta dois minutos para as seis – O verbo faltar sempre tem sujeito (no caso, dois minutos). Portanto: Quantos minutos faltam para as nove horas. Estão faltando poucos minutos para as oito horas.