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Conflito
Civis recebem armas para resistir contra avanço russo em Kiev, capital da Ucrânia
Principais cidades da Ucrânia registram ataques no segundo dia de guerra, mas há indícios de que progressos russos não são tão rápidos quanto o esperado
Agência O Globo
25/02/2022 | 18:22

No segundo dia de batalhas, tropas russas conquistaram posições no Sul e no Leste da Ucrânia, enquanto Kiev registra conflitos desde às 4 da manhã locais. Na capital, civis recebem armas e forças de defesa se posicionam para resistir. Todas as principais cidades ucranianas já registraram bombardeios, incluindo as do Oeste, poupadas na véspera.

As forças russas parecem seguir uma estratégia de rápidos avanços e ataques estratégicos, mas há relatos de que estejam encontrando mais dificuldades do que previam para dominar o território ucraniano. Em um informe, o Pentágono disse que a Rússia “está perdendo ímpeto”. Os próprios EUA, no entanto, calculam que a maior parte do contingente russo ainda não foi destacado até o momento, e a guerra está no início.

É no Sul que se concentra a maioria das conquistas russas. Nesta sexta-feira, forças de Moscou foram vitoriosas na batalha para controlar a cidade portuária de Kherson, onde vivem cerca de 280 mil pessoas. Na véspera, os russos dominaram a barragem de Kakhovka, que fornece água para a Crimeia.

Em um comunicado em sua conta no Facebook, o governo de Kherson detalhou que as forças russas conseguiram entrar na cidade usando “força significativa” e causando “grandes perdas”, “independentemente dos esforços” da resistência ucraniana. As autoridades locais pediram aos cidadãos que “mantenham a calma e não entrem em pânico” e prometeram “fazer tudo o que for possível para corrigir a situação”.

A conquista de Kherson tem valor estratégico para a ofensiva sobre Odessa, a terceira maior cidade da Ucrânia, com um milhão de habitantes, que está a 200 km a Oeste, e já registrou ataques com mísseis. Há ainda batalhas em Melitopol, cidade a 230 km a Leste de Kherson, e em Mykolaiv, no caminho de Odessa. Há relatos não confirmados de que as forças russas entraram nesta última cidade.

No Nordeste, as tropas russas cercaram as regiões de Konotop e de Sumy. Nesta última, na cidade de Okhtyrka, autoridades locais relatam que um jardim de infância chamado Sonechko (“Solzinho”) foi atingido por um foguete russo. A agência de investigação de violações dos direitos humanos Bellingcat verificou, a partir de informações de georreferência, que foguetes caíram a 200 metros do edifício. Fotos mostram o edifício atingido, a 600 metros de distância de uma base militar, com vítimas adultas no chão.

Kiev sob ataque

Em Kiev, o ataque começou com helicópteros durante a madrugada, e as sirenes de ataque aéreo tocaram várias vezes durante o dia, para registrar ataques com mísseis. Após um ataque conduzido por paraquedistas descendo de helicópteros na véspera e uma batalha de mais de um dia, Moscou informou a captura do aeroporto de Hostomel, a Noroeste da capital.

Para proteger Kiev, forças ucranianas destruíram grandes pontes de acesso. Embora o ataque tenha começado no Norte, alvos em outras áreas da cidade foram atacadas, e fumaça preta pôde ser vista no centro da cidade. Prédios residenciais foram atingidos. O prefeito da cidade, o ex-campeão dos pesos pesados Vitali Klitschko, disse numa rede social que “o inimigo quer colocar a capital de joelhos e nos destruir. “Tiros e explosões estão ecoando em alguns bairros. Sabotadores já entraram em Kiev”, ele acrescentou.

Em ruas da capital, caminhões do Exército da Ucrânia pararam e descarregaram caixas contendo metralhadoras sub-automáticas e munição, a serem distribuídas para a população civil. Segundo o governo ucraniano, 18 mil armas foram entregues a “todos aqueles que querem defender nossa capital com armas em seus braços”. Em uma publicação na internet, o Ministério da Defesa também ensinou a fazer bombas incendiárias. “Faça coquetéis molotov, neutralize o ocupante!, dizia o texto, em referência à arma inventada por finlandeses para repelir invasores soviéticos em 1939.

Para mostrar que não deixou a capital, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelesnky, divulgou um vídeo gravado nas ruas de Kiev:

— Estamos aqui. Estamos em Kiev. Estamos defendendo a Ucrânia — ele afirma.

Há diversos relatos sobre uma batalha feroz pelo controle de Karkhiv, a segunda maior cidade ucraniana e a cidade grande mais próxima da Rússia, a 65 km da fronteira.

Grandes explosões foram ouvidas durante todo o dia, e a prefeitura pediu para a população procurar abrigo. Repórteres da BBC registraram dezenas de veículos militares ucranianos.

É impossível saber o número de vítimas, conforme os lados buscam aumentar as estimativas dos mortos do outro lado e esconder as próprias baixas. Kiev disse que seus Exércitos mataram mais de mil soldados russos ao longo do dia, mas a informação não foi verificada.

Multidões de civis fogem

Grandes massas de civis se esforçaram para deixar a capital. Nas redes sociais, o Exército da Ucrânia fez uma convocação para todos os civis se alistarem: “Precisamos de todos os recrutas, sem restrições de idade”, disse uma primeira mensagem publicada em rede social, ressaltando “não haver limite de idade”.

A convocação alcança homens e mulheres. Desde dezembro, todas as mulheres ucranianas “aptas ao serviço militar” entre 18 e 60 anos fazem parte da reserva em tempos de guerra. Pouco depois, houve uma segunda convocação: “Hoje, a Ucrânia precisa de tudo. Todos os procedimentos de adesão são simplificados. Traga apenas seu passaporte e número de identidade”.

A despeito de suas conquistas e de já estar em Kiev, analistas militares consideram que Moscou talvez esperasse avançar mais rápido. Segundo Michael Kofman, especialista em capacidades militares russas do Centro para uma Nova Segurança Americana (CNA), até agora a Rússia “evitou o uso de artilharia concentrada, exceto talvez em torno de Kharkiv, concentrando-se em tentar fazer um avanço rápido em áreas previamente selecionadas com o apoio de aeronaves operacionais e táticas de longo alcance e o uso de armas de longo alcance de alta precisão.”

O uso dessas armas, segundo ele, indica que Moscou “esperava um colapso militar mais rápido da Ucrânia e ganhos mais fáceis”. À medida que seus ataques não surtem tanto efeito efeito quanto esperado, no entanto, deve-se esperar “um uso muito maior de artilharia pesada. A principal preocupação é que, com o tempo, os militares russos possam mudar para o uso pesado de poder de fogo, e isso resultará em imensa destruição e grandes baixas civis.”

Se a previsão se confirmar, devem aumentar os crimes de guerra e vítimas civis. Em um informe, o grupo de direitos humanos Anistia Internacional acusou a Rússia de mostrar um “desrespeito flagrante” pela vida civil durante a invasão da Ucrânia.

O grupo alega que a Rússia “está mentindo sobre o uso de armas guiadas com precisão e está realizando ataques indiscriminados usando mísseis balísticos e outras armas explosivas”. Em um relatório divulgado na sexta-feira, observou três incidentes que deixaram seis civis mortos e mais 12 feridos desde que a invasão começou na quinta-feira. Segundo a Anistia, os ataques podem constituir crimes de guerra.

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