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Soja

China reduz compras de soja dos EUA e aumenta participação do Brasil no mercado

Em 2025, exportações americanas para China caem de 26,5 milhões para 5,8 milhões de toneladas; Brasil vende mais de 77 milhões de toneladas
Redação
07/10/2025 | 14:04

A China paralisou as compras de soja dos Estados Unidos em 2025, abrindo espaço para o aumento das exportações brasileiras, segundo levantamento da American Farm Bureau Federation, que reúne seis milhões de agricultores americanos.

Em 2024, a China comprou 26,5 milhões de toneladas de soja americana, metade de sua importação do produto. Neste ano, o volume caiu para 5,8 milhões de toneladas.

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China reduz compras de soja dos EUA em 2025, enquanto Brasil amplia exportações para o país asiático. - Foto: Ricardo Stuckert/PR

“Durante junho, julho e agosto, os EUA praticamente não enviaram soja para a China, e a China não comprou nenhuma soja da nova safra para o próximo ano comercial”, afirmou a entidade.

Mesmo com preços competitivos, os agricultores americanos vêm perdendo espaço para Brasil, Argentina e outros fornecedores. No período, o Brasil somou vendas de mais de 77 milhões de toneladas de soja para a China. “Esses números ressaltam como a América do Sul interveio para dominar o mercado e deslocar os agricultores americanos”, afirmou a associação.

A Argentina também aumentou suas exportações temporariamente ao remover brevemente o imposto sobre soja, restabelecendo-o dias depois ao atingir o limite de receitas de US$ 7 bilhões.

A redução nas vendas afetou os preços internacionais de milho, soja e trigo. “A ampla oferta global e a demanda de exportação mais fraca estão pesando fortemente sobre os preços do milho, da soja e do trigo dos EUA, reduzindo as receitas agrícolas, apesar das fortes colheitas. Isso é agravado pelos baixos níveis de água no Rio Mississippi, que estão aumentando os custos de transporte”, destacou a American Farm Bureau Federation.

A mudança também afeta milho, trigo, sorgo, carne suína e algodão. O USDA projeta que as exportações agrícolas dos EUA para a China somarão US$ 17 bilhões em 2025, queda de 30% em relação a 2024 e mais de 50% em relação a 2022. Para 2026, a projeção é de US$ 9 bilhões, o menor nível desde 2018.

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que o governo de Donald Trump prepara um “apoio substancial aos nossos agricultores, especialmente aos produtores de soja”. Trump também declarou em rede social: “Os produtores de soja do nosso país estão sendo prejudicados porque a China, por razões de ‘negociação’ apenas, não está comprando. Ganhamos tanto dinheiro com tarifas que vamos pegar uma pequena parte desse dinheiro e ajudar os nossos agricultores”.

Segundo a entidade, a retração das vendas americanas em 2025 não é isolada. “Ela faz parte de uma trajetória mais longa, na qual a China está se diversificando, afastando-se da agricultura americana”, disse.

“Para os agricultores americanos, essa mudança significou menos vendas, um crescente déficit comercial agrícola e maior incerteza sobre o futuro papel da China como mercado para a agricultura americana”.

Em 2012, a China comprou mais de US$ 25 bilhões em produtos agrícolas dos EUA, quase 20% de todas as exportações agrícolas. Em 2018, as vendas caíram para cerca de US$ 9 bilhões. A partir de 2020, houve recuperação parcial, mas temporária.

A política chinesa de segurança alimentar e gestão de preços também incentiva a distribuição das compras entre vários países, reduzindo a dependência americana.

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