A China prometeu retaliação neste domingo 12 caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumpra sua promessa de impor uma tarifa adicional de 100% sobre as importações chinesas. A resposta de Pequim veio por meio de um porta-voz do Ministério do Comércio chinês.
“Se os EUA persistirem em agir unilateralmente, a China tomará resolutamente as medidas correspondentes para salvaguardar seus direitos e interesses legítimos”, disse o porta-voz, nos primeiros comentários de Pequim sobre a ameaça.

A escalada das tensões ameaça inviabilizar meses de progresso nas negociações comerciais e ocorre após a China implementar uma série de restrições à exportação de minerais de terras raras na semana passada.
Posicionamento de Pequim e histórico de medidas
O porta-voz do Ministério do Comércio afirmou que: “Recorrer a ameaças de tarifas altas não é a maneira correta de se envolver com a China”. Ele completou: “Nossa posição sobre uma guerra tarifária permanece consistente – não queremos uma, mas não temos medo de uma”.
A rápida escalada entre as duas maiores economias do mundo derrubou as ações e abalou investidores, gerando temores de uma repetição da batalha tarifária da primavera, quando os impostos sobre as importações chinesas e americanas subiram para cerca de 145% e 120%, respectivamente.
O Ministério do Comércio descreveu as novas regras sobre terras raras como uma “ação legítima” e culpou Washington pela recente escalada. O porta-voz mencionou que, duas semanas após a última rodada de negociações em Madri, em setembro, o governo Trump introduziu novas medidas restritivas contra a China.
Desde então, Washington adicionou diversas empresas chinesas à sua lista de controle de exportação, expandiu controles para subsidiárias de empresas listadas e impôs taxas portuárias especiais para navios chineses. “As ações dos EUA prejudicaram seriamente os interesses da China e minaram a atmosfera das negociações econômicas e comerciais bilaterais. A China se opõe firmemente a essas medidas”, disse o porta-voz.
Impacto nas terras raras e “padrões duplos”
Os novos e abrangentes controles sobre terras raras anunciados por Pequim incluíram uma lista expandida de minerais restritos e restrições estendidas às suas tecnologias de produção, afetando aplicações militares e de semicondutores. Espera-se que isso exerça pressão sobre as indústrias globais e as cadeias de suprimentos de tecnologia.
Trump descreveu a ação da China na rede social Truth Social como “chocante”, “extremamente hostil” e uma “vergonha moral nas relações com outras nações”.
O Ministério do Comércio chinês disse que a reação de Washington demonstra seus “padrões duplos”, comparando as medidas de Pequim às restrições que Washington impôs aos semicondutores. O porta-voz chines informou que a lista de controle de exportação dos EUA abrange mais de 3 mil itens, em comparação com pouco mais de 900 na lista da China.
Pequim instou Washington a “corrigir prontamente sua abordagem equivocada” e “preservar o progresso duramente conquistado nas negociações”. A escalada levanta novas incertezas sobre a reunião entre Trump e o líder chinês, Xi Jinping, esperada para ocorrer na Coreia do Sul dentro de duas semanas.