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Guerra
Brasileiro em Gaza diz só ter água salgada para beber e que situação piora a cada dia
Grupo aguarda abertura de fronteira com Egito para poder escapar da zona de conflito entre Hamas e exército de Israel
Folhapress
17/10/2023 | 05:00

Na espera por um acordo para poder atravessar a fronteira com o Egito e escapar da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o brasileiro Hasan Said Rabee diz que a situação na Faixa de Gaza a “cada dia fica pior”.

Ele, a mulher e as duas filhas de três e seis anos estão hospedados na casa de parentes em Khan Yunis, ao sul do território. “Estamos sem luz, e água só tem salgada [para beber]”, afirma. Ele completa também que “a comida está acabando”.

“Não temos previsão de quando vamos sair. Está muito perigoso aqui”, lamenta Hasan, em conversa com a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, por mensagem de celular.

Mesmo antes do conflito, água potável já era um problema no território. Segundo reportagem da BBC News Brasil, devido à extração excessiva do aquífero costeiro e à infiltração pela água do mar e esgotos, a água da torneira em Gaza é salgada, poluída e imprópria para beber.

O problema se agravou na guerra com a decisão de Israel de cortar o abastecimento na região. No domingo 15, o governo israelense havia indicado que restauraria o abastecimento. Mas até segunda 16, segundo Hasan, eles continuavam sem água.

Ele diz fazer parte do grupo de brasileiros que pediu ao Itamaraty para ser retirado da Faixa de Gaza e que espera um acordo para que o Egito permita a entrada dos refugiados, além da anuência dos israelenses de seu lado da fronteira.

Nesta segunda 16, porém, o governo de Israel negou ter firmado um cessar-fogo temporário com o grupo terrorista Hamas para a retirada de civis da região.

A saída dos brasileiros é negociada pela cidade de Rafah, que fica na fronteira entre a península do Sinai, no Egito, e a Faixa de Gaza.

Após deixar o local, eles deverão ser transportados por um avião Embraer-190 da Presidência, que foi deslocado para Roma e aguarda autorização para pousar no aeroporto de Al Arish, no Egito, a 45 Km de Rafah.

Gaza enfrentará uma ‘catástrofe’ se não receber ajuda, alerta OMS

A Faixa de Gaza enfrenta uma catástrofe iminente já que “restam 24 horas de água, eletricidade e combustível” e, se a ajuda humanitária não chegar, os médicos só poderão “preparar certidões de óbito”, disse Ahmed Al Mandhari, chefe regional da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No décimo dia do bombardeamento retaliatório israelita ao território palestinino, Gaza e os seus 2,4 milhões de habitantes, metade dos quais crianças, enfrentam uma “verdadeira catástrofe”, alertou Mandhari, diretor da OMS para o Mediterrâneo Oriental com sede em Cairo. O território está sob “cerco total” em resposta de Israel ao ataque mortal do movimento terrorista Hamas no dia 7 de outubro.

Em todo o lado, de norte a sul, “as reservas médicas estão praticamente vazias, a tal ponto que os profissionais de saúde podem começar a preparar atestados de óbito dos pacientes”, declarou Mandhari preocupado.

“Os corpos não podem ser recolhidos adequadamente” nas ruas e nos hospitais “os serviços em funcionamento estão completamente saturados: cuidados intensivos, blocos operatórios, urgências e outros”, explicou Mandhari. “Os médicos são obrigados a priorizar os pacientes que chegam. (…) Há muita gente, então alguns ficam para morrer lentamente”, acrescentou.

Para salvá-los, a ajuda humanitária deve entrar na Faixa de Gaza, onde, segundo a ONU, há quase um milhão de deslocados que só conseguiram levar alguns pertences.

Aviões que decolaram de vários países ou caminhões com ajuda estão atualmente bloqueados no Sinai egípcio, na fronteira com a Faixa de Gaza, na ausência de um acordo entre Israel e o Egito para a entrada do material no enclave.

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