BUSCAR
BUSCAR
Xenofobia

Brasileira deixa cidade em Portugal após filho ter dedos amputados por colegas

Menino de 9 anos teve dedos amputados após porta ser pressionada por colegas no banheiro da escola
Redação
16/11/2025 | 09:04

A brasileira Nívia Estevam, 27, decidiu deixar a cidade onde morava em Portugal após a repercussão das denúncias de que seu filho, José Lucas, 9, teve dois dedos amputados por colegas na Escola Básica de Fonte Coberta, em Cinfães, no Distrito de Viseu. Segundo ela, a reação dos pais dos agressores aumentou o receio da família, que optou por se mudar para outra cidade, a cerca de uma hora do local onde ocorreu o caso na segunda-feira 10.

De acordo com Nívia, José entrou no banheiro da escola quando foi seguido por dois colegas. Ela relata que os meninos fecharam a porta sobre os dedos do filho e pressionaram até a amputação. Ainda segundo a mãe, o menino tentou abrir a porta, mas não conseguiu devido à dor e precisou se arrastar para pedir ajuda. A professora telefonou para a família relatando que José “estava brincando” e “amassou o dedo na porta”, descrição que, segundo Nívia, não correspondia à gravidade do ocorrido.

image
Mãe brasileira afirma que filho de 9 anos teve dedos amputados por colegas em escola de Portugal e decide deixar a cidade por medo de novas represálias - Foto: reprodução

José passou por uma cirurgia de três horas, na qual perdeu a primeira parte do indicador e do dedo maior, na área da unha. Desde então, a família está temporariamente na casa dos sogros. Nívia dorme na sala com o marido, João Vitor da Silva, enquanto José divide o quarto com Rayssa, 12, cunhada do menino. O casal retorna apenas para alimentar o gato da família, Shelbinho, de 2 anos.

A mudança definitiva será feita em um único dia, com apoio de familiares que vão embalar os pertences e entregar a chave ao proprietário. Por segurança, Nívia não divulga o novo destino.

Segundo ela, a família não acionou diretamente a Embaixada do Brasil. Parentes procuraram órgãos governamentais, que, afirma, não ofereceram ajuda até o momento. A mudança será custeada com o dinheiro disponível no momento. Ela e João Vitor estão em busca de emprego; ele deixou o trabalho como soldador para cuidar do enteado.

A família também precisa transferir José para uma nova escola. Nívia afirma que teme novos episódios de preconceito e relata que as agressões ocorreram por ele ser “brasileiro, preto, gordo e recém-chegado à instituição”, onde cursava o primeiro ano letivo.

A única assistência recebida até agora, segundo ela, veio do hospital que realizou a cirurgia. A instituição acionou uma assistente social, que notificou a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, responsável pelos direitos de menores em Portugal. O órgão abriu uma investigação.

NOTÍCIAS RELACIONADAS