O mercado de trabalho formal no Brasil interrompeu em outubro uma sequência de cinco meses de desaceleração nas contratações, com a abertura líquida de 190,4 mil vagas com carteira assinada, segundo o Caged. Este número, acima do teto das projeções do mercado, foi impulsionado principalmente pelas contratações temporárias de fim de ano e mostrou uma disseminação de vagas entre diferentes setores.
Dentre os setores, a agropecuária foi a única a registrar perdas (1.656 vagas), enquanto serviços (109.939 vagas), comércio (49.647 vagas), indústria geral (20.954 vagas) e construção (11.480 vagas) tiveram saldo positivo. A XP Investimentos destaca o aumento no ritmo de criação de vagas mensal, de 90 mil para 140 mil, e na média móvel de três meses, de 102 mil para 112 mil. Rodolfo Margato, da XP, enfatiza a solidez do mercado de trabalho, apesar da desaceleração em alguns indicadores.
A previsão de expansão do PIB pela XP para o próximo ano é de 1,5%, comparada à expectativa de alta de 2,8% em 2023. Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, destaca a importância das contratações temporárias e aponta um aumento de vagas em subcategorias como locação de mão de obra temporária.
Os serviços se beneficiaram do retorno ao trabalho presencial, e a construção civil, impulsionada por obras públicas, criou 11,5 mil vagas em outubro, um aumento comparado ao ano anterior. A indústria também apresentou um saldo positivo, com cerca de 21 mil vagas, beneficiada por um ano mais favorável para a agropecuária.
Após estes dados, a LCA revisou sua projeção para o saldo de vagas com carteira em 2023 de 1,50 milhão para 1,55 milhão. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, espera que 2023 encerre com entre 1,9 milhão e 2 milhões de vagas abertas. Ele mencionou que a criação de vagas em novembro pode ser semelhante à de outubro, embora dezembro ainda seja incerto.
Apesar do aquecimento do mercado de trabalho, Matheus Pizzani, economista da CM Capital, avalia que o plano do Banco Central de continuar com cortes da Selic não deve mudar. Ele sustenta essa visão na argumentação do BC, que vê o recente comportamento do mercado de trabalho como incapaz de gerar pressão inflacionária, especialmente considerando os ganhos salariais reais como compensação por perdas anteriores.
O IPCA-15 reforçou a percepção de um momento benigno da inflação, com destaque para a boa performance dos preços ligados a serviços e surpresas altistas concentradas em fatores sazonais.