Nos arredores de uma pequena cidade de carvão no sudoeste do estado de Wyoming, está em andamento um esforço de vários bilhões de dólares para construir a primeira de uma nova geração de usinas nucleares nos Estados Unidos.
Os trabalhadores começaram a construção, na terça-feira 11, de um tipo inovador de reator nuclear que deve ser menor e mais barato do que os enormes reatores antigos e projetado para produzir eletricidade sem emitir dióxido de carbono que está aquecendo rapidamente o planeta.

O reator que está sendo construído pela TerraPower, uma startup, não será concluído até 2030 no mínimo e enfrenta obstáculos assustadores. A Comissão Reguladora Nuclear ainda não aprovou o projeto, e a empresa terá que superar os atrasos inevitáveis e os custos excessivos que condenaram inúmeros projetos nucleares anteriores.
No entanto, o que a TerraPower tem é um fundador influente e com muito dinheiro. Bill Gates, atualmente classificado como a sétima pessoa mais rica do mundo, investiu mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,38 bilhões) de sua fortuna na TerraPower, quantia que ele espera aumentar.
“Se você se preocupa com o clima, há muitos, muitos locais ao redor do mundo onde a energia nuclear precisa funcionar”, disse Gates em uma entrevista perto do local do projeto na segunda-feira (10). “Não estou envolvido na TerraPower para ganhar mais dinheiro. Estou envolvido na TerraPower porque precisamos construir muitos desses reatores.”
Gates, ex-presidente da Microsoft, disse acreditar que a melhor maneira de resolver as mudanças climáticas é por meio de inovações que tornem a energia limpa competitiva com os combustíveis fósseis, uma filosofia que ele descreveu em seu livro de 2021, “Como evitar um desastre climático” (Companhia das Letras).
Em todo o país, a energia nuclear está vendo um ressurgimento de interesse, com várias startups disputando a construção de uma onda de reatores menores e a administração Biden oferecendo generosos créditos fiscais para novas usinas.
As esperanças para o projeto da TerraPower são especialmente altas entre os 3.000 residentes nas cidades vizinhas de Kemmerer e Diamondville, em Wyoming. Por décadas, a economia local dependeu de uma usina de energia a carvão e de uma mina adjacente. Mas essa usina está programada para fechar até 2036, à medida que o país se afasta da queima de carvão.
Um novo reator, e os empregos que o acompanham, poderiam oferecer uma salvação.
“Quando se falava há alguns anos que estávamos perdendo a mina de carvão e a usina, esta não era uma comunidade feliz”, disse Mary Crosby, residente de Kemmerer. O reator, ela disse, “nos dá uma chance.”
Em uma conferência recente em Nova York, David Crane, subsecretário de infraestrutura do Departamento de Energia dos EUA, disse que dois anos atrás ele “realmente não via” um argumento válido para reatores de próxima geração. Mas, à medida que a demanda por eletricidade aumenta devido a novos centros de dados, fábricas e veículos elétricos, Crane disse que se tornou “muito otimista” em relação à energia nuclear para fornecer energia livre de carbono ininterruptamente sem precisar de uma área muito grande.
O desafio era construir as usinas, disse Crane. “Nada do que estamos tentando fazer é fácil.”
Com informações da Folha de São Paulo