Após quatro adiamentos, o governo de São Paulo e o Instituto Butantã prometem divulgar nesta quinta-feira, 7, os resultados de eficácia da Coronavac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o instituto brasileiro. A promessa é que, também nesta quinta, o Butantã solicite à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorização para uso emergencial do produto.
Anteriormente, a divulgação dos dados estava marcada para o dia 23 de dezembro, mas, na data, o governo paulista e o Butantã informaram apenas que o imunizante superou a eficácia mínima de 50% exigida pelas agências regulatórias. A gestão João Doria disse não poder revelar o índice exato de eficácia e outros dados do estudo por uma regra do contrato com a Sinovac.
Na ocasião, o secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, justificou que os resultados encontrados no estudo brasileiro da Coronavac eram diferentes dos observados nos outros países que testam o imunizante, como Indonésia e Turquia, o que motivou um pedido de revisão da Sinovac na base de dados.
Dados preliminares do ensaio clínico da Coronavac na Turquia divulgados no final de dezembro mostraram eficácia de 91%. A análise, porém, foi feita com apenas 10% dos voluntários previstos no país. Gorinchteyn já adiantou que, no braço brasileiro da pesquisa, o produto não chegou a 90% de eficácia.
Além do adiamento do dia 23 de dezembro, a divulgação dos resultados da Coronavac já havia sido prometida para outras três datas anteriores. Em setembro, Doria afirmou que os resultados sairiam em outubro e a vacinação começaria no dia 15 de dezembro. O cronograma não se concretizou. O que o Instituto Butantã divulgou em outubro, na verdade, foram somente os dados de segurança do imunizante, com a previsão de divulgação dos resultados de eficácia entre novembro e dezembro.
No final de novembro, o Butantã anunciou que os testes clínicos da Coronavac entraram em sua fase final e atingiram o número mínimo necessário de infecções entre os voluntários para que a análise interina de eficácia do produto pudesse ser feita. A promessa foi de que os resultados seriam divulgados na primeira semana de dezembro, mas, dias depois, o governo de São Paulo ampliou esse prazo e deu como data limite para a apresentação dos resultados o dia 15 de dezembro, o que também não se confirmou.
Na ocasião, o Butantã justificou que decidiu postergar novamente a divulgação porque já tinha dados suficientes para a análise final da eficácia, e não somente a interina. Disse ainda que precisaria de mais tempo pois entraria não só com o pedido de uso emergencial mas também com a solicitação de registro definitivo.
Caso os resultados finais sejam, de fato, apresentados ao público e à Anvisa nesta quinta-feira, a previsão é que a agência leve até dez dias para analisar o pedido de autorização para uso emergencial. Caso a solicitação seja aprovada, portanto, a gestão João Doria poderá iniciar a campanha de vacinação na data anunciada: 25 de janeiro.
O Butantã já informou em outras ocasiões que o pedido de registro seria formalizado também na China assim que os resultados finais fossem divulgados. Caso isso se concretize e a agência regulatória chinesa dê o aval à Coronavac antes do órgão brasileiro, o governo paulista pretende apelar para lei federal que determina prazo de 72 horas para manifestação da Anvisa sobre o uso de produtos importados aprovados em outras agências regulatórias do mundo, como a chinesa.
Entre os grupos priorizados no Estado de SP, os primeiros imunizados, a partir de 25 de janeiro, serão os profissionais de saúde, indígenas e quilombolas, num total de 1,5 milhão de pessoas. Serão duas doses por pessoa.
A partir do dia 8 de fevereiro, serão imunizados os idosos com 75 anos ou mais. Na semana seguinte, a partir do dia 15 de fevereiro, será a vez dos idosos entre 70 a 74 anos. A partir de 22 de fevereiro, receberá a imunização a faixa etária de 65 a 69 anos. Por fim, no dia 1º março, começarão a ser vacinados os indivíduos de 60 a 64 anos. No grupo de idosos, serão 7,5 milhões de imunizados. O governo paulista ainda não informou como será a vacinação dos demais grupos de risco da covid-19, como portadores de doenças crônicas.