Com as chuvas intensas que atingiram a capital potiguar na última semana, moradores e comerciantes de áreas como a Zona Norte e na Zona Sul de Natal enfrentaram situações de alagamento diante dos comércios e residências. A previsão, de acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), é de que as chuvas fiquem acima da média nos meses de maio, junho e julho.
Morador de um prédio residencial no bairro Pajuçara, Zona Norte de Natal, Francinaldo Nascimento relata que se formou uma lagoa na frente do edifício após as chuvas. Ele conta que o problema é antigo, motivado por obras de uma empresa que fica próximo ao prédio. “Essa lagoa é antiga, mas ela se formava para lá, ela não vinha para cá. No dia de chuva intensa, se torna constrangedor para nós”, disse.
O alagamento impede o trânsito de pessoas na rua e chega até a entrada do prédio residencial, que já foi invadido pelas águas, como narra Francinaldo. “Já chegou a entrar no bloco 1 do prédio, ela alagou muito e tivemos bastante prejuízo. Estamos com uma ação na justiça contra a Prefeitura, procuramos vereadores, secretário de obras, secretário adjunto e nada fizeram”, explicou.
Ele menciona, ainda, que os moradores do local questionam sobre resultados e reclamam do valor do IPTU diante do cenário de alagamento. Para Francinaldo, a medida é cobrar a atenção de órgãos municipais para a situação. “O que falta é o prefeito, junto com os vereadores, fiscalizar, mas agora eles vão aparecer porque vai ser época de eleição. Não temos nenhum resultado positivo”, concluiu.
Do outro lado da cidade, na Zona Sul de Natal, proprietários de lojas conhecem a mesma circunstância de alagamento e relatam que existe uma baixa de clientes por causa do acúmulo de água. “Sempre que chove a gente passa por essa mesma situação”, é o que diz o funcionário Marcos Coelho, que trabalha em uma loja na avenida Salgado Filho, no bairro de Lagoa Nova. Ele ressalta que a situação de alagamento é recorrente, além de atrapalhar o trânsito de clientes, bem como o deslocamento de veículos, os quais são muito utilizados na empresa para recebimento e distribuição de materiais.
Segundo ele, nem mesmo os funcionários conseguem ter acesso à empresa quando alaga no local. “Nessa situação a gente não consegue sair, não consegue entrar na própria empresa e tem que deixar [os carros] aqui nos arredores porque não tem como passar. É realmente complicado aqui pra gente, ainda mais se tratando de um local com tanto fluxo de carro”, completou.
Os clientes também enfrentam dificuldades para ter acesso à empresa e, por isso, até deixam de ir ao local com a situação de alagamento presente, como explica Marcos. “Diminui bastante porque o cliente não tem como vir até o nosso estabelecimento, então isso diminui muito o nosso fluxo aqui de atendimento”, disse.
Proprietário de um petshop na região, Edmundo Barreto vivencia uma situação semelhante no mesmo local. Ele conta ao AGORA RN que precisou elevar a calçada do estabelecimento para não entrar a água que se acumulava após as chuvas. “Estou há 19 anos [aqui], tenho esse problema desde o início. Piorou desde que asfaltaram [a avenida] por causa da copa do mundo”, argumentou.
Ele explica que, assim como Marcos, a loja tem um número menor de clientes e, principalmente, um aumento de cancelamentos, como na última sexta-feira, 26. “Tem cancelamento, a gente tinha bastante animais nesse último dia que aconteceu, houve cancelamento. O pessoal que estava vindo para banho nos pets e para consulta acabou cancelando porque sabe que não tem como chegar aqui”, narrou.
No espaço, há estacionamento na frente da loja, mas, com as chuvas, Edmundo conta que o lugar acaba se tornando um ponto de parada temporário para os veículos que não conseguem continuar o percurso e acessar o outro lado da rua mais à frente.
“Essa situação se agravou após o recapeamento do asfalto, que tampou mais as bocas de lobo [bueiros], então teria que criar mais vazão de água para poder sair com mais rapidez, com velocidade. Eu não percebo aqui muito lixo tampando os bueiros, nesta último chuva, a gente viu alguns sacos de lixo, mas não é comum”, concluiu.
Seinfra promove plano de ações emergenciais diante de alagamentos
Procurada pela equipe do AGORA RN, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), via departamento de Conservação, afirmou, por meio de nota, que a prefeitura promove plano de ações emergenciais para acolhimento de pessoas atingidas pelos alagamentos ou pelos problemas de transbordamentos.
“A Prefeitura do Natal, através da Seinfra, Urbana, Defesa Civil, Semtas, entre outras secretarias, promove constantes reuniões e visitas aos locais e realiza o trabalho de conscientização da população sobre os problemas. A Prefeitura investe em limpeza constante de lagoas e estações elevatórias, com auxílio de equipes da Seinfra e Urbana, dentro do escopo da Operação tapa buracos”, disse um trecho da nota.
A Seinfra falou, ainda, sobre as lagoas de captação espalhadas pela capital e ressaltou que no momento não existem lagoas com problemas de transbordamento ou “maiores problemas decorrentes das últimas chuvas”.
“A [lagoa] que apresentou problema pontual foi a do Makro, na zona Sul, mas já prontamente identificado e com equipe formada para solucionar a questão no equipamento. As principais causas para o problema [de transbordamento] são roubos de quadros eletrônicos das lagoas com bombas, o que dificulta imensamente o trabalho das mesmas e as ligações clandestinas feitas por moradores e comerciantes das regiões próximas às lagoas municipais”, diz a nota.
A nota da Secretaria também cita que a população deve atuar ajudando com o não descarte de lixo domiciliar, entulhos e ligações de esgoto clandestinas para o interior desses espaços. “Além de criminoso, com possibilidade de multas, a ação prejudica todo o entorno das lagoas de captação e ruas da região”, finaliza.