O ABC inicia a temporada de 2026 com uma diretriz clara: montar um elenco com identidade competitiva, comprometido com desempenho em campo e capaz de transformar o Frasqueirão novamente em um “caldeirão” esportivo. Essa é a principal missão apontada pelo diretor executivo Arnóbio Medeiros, que assumiu o cargo no dia 2 de outubro e já trabalha na reestruturação do clube.
Segundo ele, a nova formação do elenco terá como base jogadores com garra, intensidade e disposição para representar o clube com espírito vencedor. “Nós vamos jogar uma Série D, que é uma competição diferente. Copa do Nordeste também é uma competição que exige atletas com mais bagagem. A gente precisa ter um elenco qualificado e trazer atletas que vão jogar no Frasqueirão dando a vida”, afirmou, durante entrevista nesta sexta-feira 17 ao programa Central Agora RN, da TV Agora RN (YouTube). Reforçando o perfil desejado, citou uma frase do técnico Marcelo Chamusca: “É atleta, amigo. Com fome, geladeira vazia.”

Arnóbio explicou que o clube busca corrigir erros cometidos em 2025, quando o ABC não conseguiu desenvolver um elenco com identidade de jogo e conexão com a torcida. “A gente não teve um espírito de atletas que venciam em casa. Isso pesou muito”, disse. Para 2026, o planejamento é mais sólido, com processos internos definidos e foco em resultado esportivo.
Arnóbio Medeiros destacou que sua atuação vai além do futebol de campo. Ele também está responsável pela organização administrativa do clube, assessorando o presidente Eduardo Machado na retomada institucional e financeira. “A gente precisa entender cada departamento, cada estrutura”, explicou. Ele citou a integração com o executivo Gustavo Cartaxo, responsável pela parte de futebol, e com o técnico Chamusca, reforçando que a nova gestão trabalha com planejamento técnico e uso de dados de desempenho.
A estrutura administrativa está sendo redesenhada para garantir eficiência e autonomia operacional. “Tem toda a estrutura do clube. No setor administrativo, a gente tem o guarda-chuva, que é financeiro, comercial, marketing, tudo isso. Estamos analisando”, afirmou.
Recuperação judicial e reorganização financeira
Um dos pontos centrais da entrevista foi a recuperação judicial do ABC, que, segundo o diretor, representa um marco para a sustentabilidade do clube. Arnóbio disse que a medida garante condições reais de pagamento das dívidas, antes consideradas “impagáveis”. Ele enfatizou que a renegociação com credores é fundamental para a sobrevivência da instituição. “A recuperação judicial vai ser um marco para essa gestão, de ter uma conversa com os credores, reorganizar e começar a pagar de um jeito que se pague.”
Apesar do rebaixamento e das limitações orçamentárias, Arnóbio demonstrou otimismo com a formação do orçamento para o próximo ano. Segundo ele, o ABC ainda aguarda definição de cotas da CBF e tem boas perspectivas de recursos provenientes da Copa do Nordeste. “A gente está com a objetividade muito forte em focar no futebol”, afirmou.
Orçamento e patamar de investimento
Arnóbio afirmou que ainda não é possível divulgar o valor total do orçamento, mas garantiu que a diretoria trabalha com planejamento responsável e com metas claras. “Eu não consigo dizer hoje qual o nosso orçamento fechado para o ano que vem, estamos aguardando algumas respostas de CBF, questão de cota e tudo mais”, explicou. Mesmo assim, sinalizou que as primeiras contratações já refletem o perfil de investimento que o clube pretende fazer.
Para 2026, o ABC quer investir em setores estratégicos, equilibrando gasto com futebol e com o desenvolvimento estrutural. “A gente também vai fazer outros investimentos no departamento administrativo, no departamento de futebol”, pontuou.
Possibilidade de SAF
Sobre a eventual transformação do ABC em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), Arnóbio disse que o tema está presente em todas as discussões do futebol atual, mas não é prioridade neste momento. “A SAF sempre vai estar em pauta hoje com todos os clubes. É uma realidade já”, reconheceu. No entanto, destacou que não existe decisão encaminhada sobre o assunto. “Está no radar do presidente Eduardo? Não, hoje não”, afirmou.
Ele ponderou que o modelo precisa ser debatido com responsabilidade. “As propostas têm que estar na mesa, tem que estar lá, porque é a sobrevivência do clube”, disse, lembrando que há SAFs bem-sucedidas e outras que fracassaram no Brasil.
Profissionalização da gestão e legado
Ao final da entrevista, Arnóbio reforçou que o grande objetivo da gestão atual é deixar um legado de profissionalismo e sustentabilidade para o ABC. “O clube hoje tem que achar uma estrutura. A gente precisa melhorar os processos internos do clube”, afirmou. Entre as ações planejadas, está a realização de um encontro de imersão com todos os funcionários em dezembro, para implementar metas de seis meses por departamento.
Arnóbio destacou que o ABC é um patrimônio centenário que precisa ser administrado com visão de longo prazo. “O clube precisa deixar um legado. O primeiro processo é interno. A gente tem que estruturar todos os departamentos. É um trabalho de formiguinha”, ressaltou.