Quando Fátima Bezerra deixou o “céu” do Senado para vir pagar pecados no “purgatório” achou, entre outras armadilhas quatro folhas em atraso, R$ 4,3 bilhões de dívidas, uma máquina sucateada e um rombo de R$ 5 bilhões na Previdência.
Dizia-se que seu principal adversário falara em exonerar 20 mil servidores para equilibrar as finanças estaduais.
Fakenews de plantão atribuíram a Fátima este absurdo. Pela frieza das calculadoras, era plausível, só que não teria cabimento uma sindicalista defensora do funcionamento da máquina pública assumir esta bandeira.
Ao contrário dos vinte mil servidores exonerados, o Estado potiguar precisava de todos os da ativa, botar milhares de fantasmas para trabalhar e, ainda, contratar outros 15 mil.
Todos sabem que a Lei de Responsabilidade Fiscal tinha ido para as cucuias há muito tempo e o Limite Prudencial era algo tão estapafúrdio quanto o sonho do equilíbrio fiscal-financeiro. Não falo do geral, mas na Fundação José Augusto, cuja bomba matei no peito. Longe dos 54% do limite prudencial, pagava mais de 90% do seu orçamento de salários e encargos. Sendo que 60% da folha é de aposentados que o Ipern não abrigou, pois, entre os rombos que a governadora encontrou, existia o da Previdência. Os dois governos anteriores torraram um Fundo Previdenciário de R$ 1,24 bilhão de reais, que quando aplicados rendiam cerca de R$ 15 milhões mensais e a alíquota do empregador que o Estado há anos não recolhia ao Ipern representava outros R$ 17 milhões de reais mensais, somando mais de R$ 32 milhões mensais inexistentes cujos rendimentos foram cessados.
Diante disto, o Estado passou a não poder colocar seus aposentados na Previdência que ele próprio não alimentara. O rombo era de mais de cinco bilhões, além dos R$ 4,3 bilhões de folhas atrasadas e dívidas com fornecedores e a quebradeira geral. Todo mês tinha que catar moedas para despejar R$ 180 milhões na Previdência para evitar o pipoco.
O que não se pode esquecer é que esta monstruosa folha salarial de meio bilhão/mês se formou à base dos “trens da alegria” que enchiam os jornais locais antes da Constituição/88 e depois, pelo “jeitinho” brasileiro.
Os políticos que hoje reclamam da governadora, juntamente com seus ancestrais, nesta Capitania hereditária, estatizaram todos os seus parentes e aderentes que não deram para nada na vida.
Vê-se hoje uma torcida esquizofrênica de adversários para que Fátima atrase pelo menos uma folha. Ainda que um 13º. Até em cortar impostos, insistem. Não se importam com a tragédia de um RN com salários públicos atrasados. O que querem é ter discurso. Não lhes importa se o mar vai pegar fogo. Querem é comer peixe assado…
*Crispiniano Neto é poeta e jornalista.