A condenação de Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto por abuso de poder político e econômico durante as comemorações do Bicentenário da Independência, em 2022, reafirmou um ensinamento crucial para a democracia brasileira: as eleições não são um ambiente de vale-tudo. Dessa forma, o veredito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reafirma o dever constitucional de respeito às regras eleitorais e a observância da ética na gestão pública.
Essa decisão, que resultou na inelegibilidade dos envolvidos por oito anos e na aplicação de multas significativas, não é uma mera interpretação criativa da lei, mas uma aplicação rigorosa da Constituição de 1988 e da Lei Complementar 64/1990. Durante as celebrações de 7 de Setembro, recursos públicos e prerrogativas do cargo foram evidentemente utilizados para favorecer a campanha de reeleição, exemplificando o desvio das funções públicas para interesses eleitorais pessoais.
O julgamento envia uma mensagem clara para o universo político: cargos públicos não devem ser usados como ferramentas de campanha. Essa prática não só fere a igualdade de oportunidades entre candidatos, mas também desrespeita o princípio da igualdade perante a lei. A decisão reitera que todos, incluindo o presidente da República, estão sujeitos às mesmas regras e que o uso indevido do poder público em prol de interesses eleitorais é inadmissível.
Além disso, a decisão do TSE evidencia que a lei vale para todos, sem exceções. A condenação de Bolsonaro e Braga Netto serve de precedente para casos ainda pendentes de julgamento, e de alerta para futuras disputas eleitorais, enfatizando que a manipulação da estrutura e dos cargos públicos para vantagens eleitorais é inaceitável. A inclusão de Braga Netto na penalidade, apesar de sua absolvição anterior em outro caso, reafirma a responsabilidade individual de cada candidato em suas ações políticas.
Por fim, a decisão do TSE reafirma a obrigatoriedade da integridade nas eleições e na condução dos cargos públicos. O uso da máquina pública para fins eleitorais não apenas subverte a essência da democracia, mas também prejudica a legitimidade e a justiça do processo eleitoral. O TSE, ao aplicar firmemente a legislação, reforça o compromisso com a Democracia, independente de partidos ou ideologias, e assegura que o poder público não seja um instrumento de abuso nas mãos de quem temporariamente o detém.