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Economia
2021: a grande interrogação na cabeça de trabalhadores e empresários
Em janeiro, muitos empresários têm uma preocupação cujos efeitos devem impactar tremendamente seus negócios: o fim do auxílio emergencial
Marcelo Hollanda
05/01/2021 | 06:39

A pandemia do novo coronavírus deixou trabalhadores e empresários à beira de um ataque de nervos. E, de quebra, produziu um grande ponto de interrogação para setores da economia que empregam fortemente mão de obra, mas também precisam de demanda para aquecer os motores e produtos a preços competitivos para sobreviver.

Mas o começo de 2021 para toda essa extensa relação de interessados transformou a realidade em pesadelo e fez desaguar uma enxurrada de incertezas sobre o futuro imediato. Um doce para quem adivinhar: como será a economia potiguar em 2021 em meio a tantas incertezas?

Para cada exceção à regra, patrocinada por segmentos como o de supermercados, e-commerce e delivery, outros tantos abriram o ano arrastando os problemas herdados de 2020. Isto, quando conseguiram permanecer de pé diante de uma épica crise sanitária.

O dilema: manter níveis de isolamento social para frear a velocidade do vírus, tirando dinheiro das ruas ou liberar a atividade econômica como um todo à custa de milhares de vidas, o que também prejudica a economia.
Agora, em janeiro, com receio da nova onda do que pode vir em consequência das aglomerações do fim de ano, muitos empresários ainda agregaram outra preocupação cujos efeitos devem impactar tremendamente seus negócios: o fim do auxílio emergencial, caso ele realmente se confirme.

“É uma daquelas interrogações que não saem da cabeça”, confessa Sérgio Cyrne, da Iskisita Atakado, fundada em 1967 e com mais de 600 colaboradores e quatro lojas em Natal.

Ele admite que interrompeu todas as suas importações da China no ano passado, pois o aumento do frete inviabilizaria o custo final dos artigos mais populares que tem em estoque.

“Depois de cair no primeiro semestre, os valores do frete e dos contêineres em dólar foram subindo até quadruplicar”, afirma. Segundo explica o importador Átila Feitosa, de Natal, muita gente quer retomar as importações da China, mas há meses faltam contêineres de 40 pés e, para piorar as coisas, a indústria de embalagens ainda não se recuperou.

No caso relatado por Sérgio Cyrne, o contêiner pelo qual ele pagava US$ 300 até abril, ovado de produtos chineses para o RN, atingiu no último mês do ano inacreditáveis US$ 8 mil.

Já no caso de Átila Feitosa, que cancelou todas as suas idas à China ano passado, o contêiner saiu de US$ 2 mil para US$ 10 mil. A explicação, no caso da falta de contêineres, é que a alta demanda de frete coincidiu com determinados feriados chineses, reduzindo a redução da mão-de-obra disponível nos portos durante o que os operadores chamam de “peak season”, cuja tradução literal nada mais é do que “alta temporada”.

Resultado: aumento em cascata dos valores dos fretes internacionais, além da falta de espaço no transporte marítimo, desafiando a cadeia de suprimentos.

Além disso, os navios e contêineres que entram na China, por causa da pandemia, vêm passando por inspeções mais demoradas e frequentes quarentenas de atracação nos portos, o que onera e arrasta por mais tempo a operação.

“Não é só. A falta de matérias primas para a indústria química e embalagens são outra pedra no sapato de muitas empresas, que devem retomar os negócios com mais lentidão, ainda contando com o comportamento da pandemia neste ano que inicia”, opina Atila Feitosa.

Para agravar a situação, a partir de setembro último, países como os Estados Unidos e Canadá começaram as importações de fim de ano, fazendo a demanda explodir e consumindo toda oferta de contêineres disponíveis, aumentando o tempo para sua reposição.

Por isso mesmo, as reservas de exportação nos portos chineses enfrentam cancelamentos e atrasos de embarques, devido justamente à falta de contêineres.

“Hoje, quem faz uma encomenda grande de embalagens deve receber o produto dentro de uns quatro ou cinco meses”, arrisca Átila Feitosa.
O empresário Pedro Campos, do setor de refrigeração e que até recentemente presidiu a Associação dos Empresários do bairro do Alecrim, diz que a falta de matérias primas ocasionado pela pandemia é de longe, hoje, o seu maior problema.

“Estou esperando encomendas há quatro meses justamente por conta disso. Para um refrigerador composto por 147 itens de fabricação, a falta de uma simples borracha de porta faz com que o produto empaque na linha de montagem”, explica.

Para Francisco Vieira, presidente da Brazil Melon, exportadora e importadora baseada em Mossoró, a segunda onda do coronavírus é o que preocupa mais os produtores. Já em relação à falta de embalagens, afirmou que sua empresa tinha bons estoques e conseguiu segurar o problema, pelo menos por enquanto.

Só que o maior fantasma ainda paira para quem vende o mercado interno e precisa de compradores: o fim do auxilio emergencial. “Este sim continua sendo o grande nó para trabalhadores e empresários”, afirma Sérgio Cyrne, da Iskisita.

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